E o cachorro dele também está doente?
JOÃO GRILO
Está.
PADRE
Também, oh terra para ter cachorro doente só é essa!
JOÃO GRILO
E a mania agora é benzer, benzer tudo quanto é de bicho, Ouvem-se, fora, grandes gritos de mulher.
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JOÃO GRILO
É a velha, com o cachorro. Como é, o senhor benze ou não benze?
PADRE
Pensando bem, acho melhor não benzer. O bispo está aí e eu só benzo se ele der licença. (À esquerda aparece a mulher do padeiro e o padre corre para ele.) Pare, pare! (Aparece o padeiro.) Parem, parem! Um momento. Entre o senhor e entre a
senhora: o cachorro fica lá!
MULHER
Ai, padre, pelo amor de Deus, meu cachorro está morrendo. É o filho que eu conheço neste mundo, padre. Não deixe o cachorrinho morrer, padre.
PADRE, comovido
Pobre mulher! Pobre cachorro!
João Grilo estende-lhe um lenço e ele se assoa ruidosamente.
PADEIRO
O senhor benze o cachorro, Padre João?
JOÃO GRILO
Não pode ser, O bispo está aí e o padre só benzia se fosse o cachorro do major Antônio Morais, gente mais importante, porque senão o homem pode reclamar.
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PADEIRO
Que história é essa? Então Vossa Senhoria pode benzer o cachorro do major Antônio Morais e o meu não?
PADRE, apaziguador
Que é isso, que é isso?
PADEIRO
Eu é que pergunto: que é isso? Afinal de contas eu sou presidente da Irmandade das Almas, e isso é alguma coisa.
JOÃO GRILO
É, padre, o homem aí é coisa muita. Presidente da Irmandade das Almas! Para mim isso, é um caso claro de cachorro bento.
Benza logo o cachorro e tudo fica em paz.
PADRE
Não benzo, não benzo e acabou-se! Não estou pronto para fazer essas coisas assim de repente.
Sem pensar, não.
MULHER, furiosa
Quer dizer, quando era o cachorro do major, já estava tudo pensado, para benzer o meu é essa complicação! Olhe que meu marido é
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presidente e sócio benfeitor da Irmandade Almas! Vou pedir a demissão dele!
PADEIRO