DEMÔNIO
Desculpe, fiz tudo para que eles se deitassem, mas não houve jeito.
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ENCOURADO, ríspido
Cale-se. Você nunca passará de um imbecil. Como se eu vivesse fazendo questão de ser recebido dessa ou daquela maneira!
DEMÔNIO
Peço-lhe desculpas, não foi isso que eu quis dizer.
ENCOURADO
Foi exatamente isso que você quis dizer.
É terrível ter-se um sonho como o que eu tive e ver que ele vai ancorar nesse embrutecimento da inteligência e da dignidade!
DEMÔNIO
Isso pode acontecer comigo. Eu posso me sentir assim, mas o senhor...
ENCOURADO
Cale-se, já disse! Que me importa o que você faz ou sente? O
que me desgosta é ver minha imagem refletida em você, uma imagem profundamente repugnante. Mas vamos aos fatos. Que vergonha! Todos tremendo! Tão corajosos antes, tão covardes agora! O Senhor Bispo, tão cheio de dignidade, o padre, o valente Severino... E
você, o Grilo que enganava todo o mundo, tremendo como qualquer safado!
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JOÃO GRILO
Que é que posso fazer? Já disse mais de cem vezes a mim que não tremesse e tremo. Desde que ouvi aquelas pancadas que comecei a sentir um calafrio danado.
ENCOURADO
E tem razão, porque o que vai lhe acontecer é coisa muito séria.
(Sorrindo.) É engraçado como vocês empregam às vezes a palavra exata, sem terem consciência perfeita do fato. O que você sentiu foi exatamente um arrepio de danado. (Severo, ao Demônio.) Leve a todos para dentro.
SEVERINO
Ai meu Deus, vou pagar minhas mortes no inferno!
BISPO
Senhor demônio tenha compaixão de um pobre Bispo.
ENCOURADO
Ah, compaixão... Como pilhéria é boa! Vamos, todos para dentro. Para dentro, já disse. Todos para o fogo eterno, para padecer comigo.
O Demônio começa a perseguir os mortos e o alarido deles é terrível. Ele vai agarrando um por um e os mortos vão se desvencilhando, aos gritos.
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BISPO
Ai! Leve o Padre!
PADRE
Ai! Leve o sacristão!
SACRISTÃO
Ai! Leve o Severino!
SEVERINO
Ai! Leve o cabra!
JOÃO GRILO
Parem, parem! Acabem com essa molecagem!