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Add to favorite "O Pequeno Príncipe" - Antoine de Saint-Exupéry

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Como jamais houvesse desenhado um carneiro, refiz para ele um dos dois únicos desenhos que sabia. O da jibóia fechada. E fiquei estupefato de ouvir o garoto replicar:

- Não! Não! Eu não quero um elefante numa jibóia. A jibóia é perigosa e o elefante toma muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é dum carneiro. Desenha-me um carneiro.

Então eu desenhei.

Olhou atentamente, e disse:

- Não! Esse já está muito doente.

Desenha outro.

Desenhei de novo.

Meu amigo sorriu com indulgência:

- Bem vês que isto não é um carneiro. É um bode ... Olha os chifres ... Fiz mais uma vez o desenho.

Mas ele foi recusado como os precedentes: Este aí é muito velho. Quero um carneiro que viva muito.

Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado.

E arrisquei:


Esta é a caixa. O carneiro está dentro.

Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:

- Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro?

Por quê?

Porque é muito pequeno onde eu moro ...

- Qualquer coisa chega. Eu te dei um carneirinho de nada!

Inclinou a cabeça sobre o desenho:

- Não é tão pequeno assim ... Olha! Adormeceu ...

E foi desse modo que eu travei conhecimento, um dia, com o pequeno príncipe.

III

Levei muito tempo para compreender de onde viera.

O principezinho, que me fazia milhares de perguntas, não parecia sequer escutar as minhas. Palavras pronunciadas ao acaso e que foram, pouco a pouco, revelando tudo. Assim, quando viu pela primeira vez meu avião (não vou desenhá-lo aqui, é muito complicado para mim), perguntou-me bruscamente:

Que coisa é aquela?

Não, é uma coisa. Aquilo voa. É um avião. O meu avião.

Eu estava orgulhoso de lhe comunicar que eu voava. Então ele exclamou:

- Como? Tu caíste do céu?


- Sim, disse eu modestamente.

- Ah! como é engraçado...

E o principezinho deu uma bela risada, que me irritou profundamente. Gosto que levem a sério as minhas desgraças. Em seguida acrescentou:

Então, tu também vens do céu! De que planeta és tu?

Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença, e interroguei bruscamente:

- Tu vens então de outro Planeta?

Mas ele não me respondeu. Balançava lentamente a cabeça considerando o avião:

- É verdade que, nisto aí, não podes ter vindo de longe ...

Mergulhou então num pensamento que durou muito tempo.

Depois, tirando do bolso o meu carneiro, ficou contemplando o seu tesouro.


Poderão imaginar que eu ficara intrigado com aquela semi confidência sobre "os outros planetas". Esforcei-me, então, por saber mais um pouco.

- De onde vens, meu bem? Onde é tua casa? Para onde queres levar meu carneiro?

Ficou meditando em silêncio, e respondeu depois: O bom é que a caixa que me deste poderá, de noite, servir de casa.

- Sem dúvida. E se tu fores bonzinho, darei também uma corda para amarrá-lo durante o dia. E uma estaca.

A proposta pareceu chocá-lo:

Amarrar? Que idéia esquisita

- Mas se tu não o amarras, ele vai-se embora e se perde...

E meu amigo deu uma nova risada:

- Mas onde queres que ele vá?

Are sens