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Ora, o meu homenzinho não me parecia nem perdido, nem morto de fadiga, nem morto de fome, de sede ou de medo. Não tinha absolutamente a aparência de uma criança perdida no deserto, a mil milhas da região habitada. Quando pude enfim articular palavra, perguntei-lhe:

- Mas ... que fazes aqui?

E ele repetiu-me então, brandamente, como uma coisa muito séria:

- Por favor... desenha-me um carneiro ...

Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo que aquilo me parecesse a mil milhas de todos os lugares habitados e em perigo de morte, tirei do bolso uma folha de papel e uma caneta.

Mas lembrei-me, então, que eu havia estudado de preferência geografia, história, cálculo e gramática, e disse ao garoto (com um pouco de mau humor) que eu não sabia desenhar. Respondeu-me:


- Não tem importância. Desenha-me um carneiro.

Como jamais houvesse desenhado um carneiro, refiz para ele um dos dois únicos desenhos que sabia. O da jibóia fechada. E fiquei estupefato de ouvir o garoto replicar:

- Não! Não! Eu não quero um elefante numa jibóia. A jibóia é perigosa e o elefante toma muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é dum carneiro. Desenha-me um carneiro.

Então eu desenhei.

Olhou atentamente, e disse:

- Não! Esse já está muito doente.

Desenha outro.

Desenhei de novo.

Meu amigo sorriu com indulgência:

- Bem vês que isto não é um carneiro. É um bode ... Olha os chifres ... Fiz mais uma vez o desenho.

Mas ele foi recusado como os precedentes: Este aí é muito velho. Quero um carneiro que viva muito.

Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado.

E arrisquei:


Esta é a caixa. O carneiro está dentro.

Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:

- Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro?

Por quê?

Porque é muito pequeno onde eu moro ...

- Qualquer coisa chega. Eu te dei um carneirinho de nada!

Inclinou a cabeça sobre o desenho:

- Não é tão pequeno assim ... Olha! Adormeceu ...

E foi desse modo que eu travei conhecimento, um dia, com o pequeno príncipe.

III

Levei muito tempo para compreender de onde viera.

O principezinho, que me fazia milhares de perguntas, não parecia sequer escutar as minhas. Palavras pronunciadas ao acaso e que foram, pouco a pouco, revelando tudo. Assim, quando viu pela primeira vez meu avião (não vou desenhá-lo aqui, é muito complicado para mim), perguntou-me bruscamente:

Que coisa é aquela?

Não, é uma coisa. Aquilo voa. É um avião. O meu avião.

Eu estava orgulhoso de lhe comunicar que eu voava. Então ele exclamou:

- Como? Tu caíste do céu?

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