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Add to favorite "O Pequeno Príncipe" - Antoine de Saint-Exupéry

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Ora, havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes de baobá ... O solo do planeta estava infestado. E um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca todo o planeta. Perfura-o com suas raízes.

E se o planeta é pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando.

"É uma questão de disciplina, me disse mais tarde o principezinho. Quando a gente acaba a toalete da manhã, começa a fazer com cuidado a toalete do planeta. É preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobás logo que se distinguem das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos. É um trabalho sem graça, mas de fácil execução."

E um dia aconselhou-me a tentar um belo desenho que fizesse essas coisas entrarem de uma vez na cabeça das crianças. "Se algum dia tiverem de viajar, explicou-me, poderá ser útil para elas. às vezes não há inconveniente em deixar um trabalho para mais tarde. Mas, quando se trata de baobá, é sempre uma catástrofe. Conheci um planeta habitado por um preguiçoso. Havia deixado três arbustos. . .

E, de acordo com as indicações do principezinho, desenhei o tal planeta. Não gosto de tomar o tom de moralista.


Mas o perigo dos baobás é tão pouco conhecido, e tão grandes os riscos daquele que se perdesse num asteróide, que, ao menos uma vez, faço exceção à minha reserva. E digo portanto: "Meninos!

Cuidado com os baobás!" Foi para advertir meus amigos de um perigo que há tanto tempo os ameaçava, como a mim, sem que pudéssemos suspeitar, que tanto caprichei naquele desenho. A lição que eu dava valia a pena. Perguntarão, talvez: Por que não há nesse livro outros desenhos tão grandiosos como o desenho dos baobás? A resposta é simples: Tentei, mas não consegui.

Quando desenhei os baobás, estava inteiramente possuído pelo sentimento de urgência.


VI

Assim eu comecei a compreender, pouco a pouco, meu pequeno principezinho, a tua vidinha melancólica. Muito tempo não tiveste outra distração que a doçura do pôr-dosol. Aprendi esse novo detalhe quando me disseste, na manhã do quarto dia:

- Gosto muito de pôr-do-sol. Vamos ver um ...

- Mas é preciso esperar.

- Esperar o quê?

- Esperar que o sol se ponha.

Tu fizeste um ar de surpresa, e, logo depois, riste de ti mesmo.

Disseste-me: Eu imagino sempre estar em casa!

De fato. Quando é meio-dia nos Estados Unidos, o sol, todo mundo sabe, está se deitando na França. Bastaria ir à França num minuto para assistir ao pôr-do-sol. Infelizmente, a França é longe demais. Mas no teu pequeno planeta, bastava apenas recuar um pouco a cadeira. E contemplavas o crepúsculo todas as vezes que desejavas.

. .

Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!

E um pouco mais tarde acrescentaste:

Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol ...

- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?

Mas o principezinho não respondeu.

VII

No quinto dia, sempre graças ao carneiro, este segredo da vida do pequeno príncipe foi de súbito revelado.

Perguntou-me, sem preâmbulo, como se fora o fruto de um problema muito tempo meditado em silêncio:

- Um carneiro, se come arbusto, come também as flores?

Um carneiro come tudo que encontra.

Mesmo as flores que tenham espinho?

Sim. Mesmo as que têm.

Então. . . para que servem os espinhos?

Eu não sabia. Estava ocupadíssimo naquele instante, tentando desatarraxar do motor um parafuso muito apertado. Minha pane começava a parecer demasiado grave, e em breve já não teria água para beber. . .


- Para que servem os espinhos?

O principezinho jamais renunciava a uma pergunta, depois que a tivesse feito. Mas eu estava irritado com o parafuso e respondi qualquer coisa:

- Espinho não serve para nada. São pura maldade das flores.

- Oh!

Mas após um silêncio, ele me disse com uma espécie de rancor:

- Não acredito! As flores são fracas. Ingênuas. Defendem-se como podem. Elas se julgam terríveis com os seus espinhos ...

Não respondi. Naquele instante eu pensava: "Se esse parafuso ainda resiste, vou fazê-lo saltar a martelo". O principezinho perturbou-me de novo as reflexões:

- E tu pensas então que as flores ...

- Ora! Eu não penso nada. Eu respondi qualquer coisa. Eu só me ocupo com coisas sérias

Ele olhou-me estupefato:

- Coisas sérias!

Via-me, martelo em punho, dedos sujos de graxa, curvado sobre um feio objeto.

- Tu falas como as pessoas grandes!

Senti um pouco de vergonha. Mas ele acrescentou, implacável:

Are sens