Vê, não vê, Chicó?
CHICÓ
Vê demais. Está lá, vestido de azul, com uma porção de anjinhos em redor. Ele até estava dizendo: “Diga a Severino que eu quero vê-lo”.
SEVERINO
Ai, eu vou. Atire, atire!
CANGACEIRO
Capitão!
SEVERINO
Atira, cabra frouxo, eu não estou mandando?
CANGACEIRO
Capitão!
SEVERINO
Atire!
JOÃO GRILO
Homem atire logo pelo amor de Deus!
O Cangaceiro ergue o rifle.
SEVERINO
Espere. (João, extremamente nervoso, ergue os braços para o céu.) Não se esqueça de tocar na gaita.
CANGACEIRO
Não tenha cuidado, Capitão.
SEVERINO
Então atire.
O Cangaceiro ergue o rifle de novo e atira. Severino cai e o Cangaceiro pega a gaita.
JOÃO GRILO, impedindo-o
Não, deixe para tocar depois! Deixe pobre Severino conversar mais um pedaço com Padre Cícero! Essas ocasiões são poucas, é
preciso aproveitar.
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CANGACEIRO
Não, já deu tempo de ele ver o padre. (Toca na gaita e nada.) Capitão! (Toca na gaita.) Capitão! Capitão! (Empurra Severino com o pé.) Está morto!
JOÃO GRILO
Toque na gaita.
CANGACEIRO, depois de tocar
Capitão! Ah Grilo amaldiçoado, você matou o capitão.
JOÃO GRILO
Em cima dele, Chicó.
Atacam o Cangaceiro. Sem que ninguém veja a facada, João Grilo dá uns meneios e saltos de gato na frente do Cangaceiro, que puxa um revólver. Chicó imobiliza os braços do Cangaceiro, segurando-o por trás. Com uma das mãos força-o a apontar o revólver para o chão.
JOÃO GRILO
Solte o homem, Chicó!
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CHICÓ