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Pra saber fugir;

Em todos os casos

Sempre deve estar

Pronta pra chorar,

Pronta pra rir.

VI

Pode bem a moça,

Assim praticando,

Dos homens zombando,

A vida passar;

Mas, se aparecer

Algum toleirão,

Sem mais reflexão,

É logo casar.

- Então o negócio é assim, minha senhora? exclamei eu, ao vê-la levantar-se do piano.

- Certamente, me respondeu ela; é este, pouco mais ou menos, o breviário por onde reza a totalidade das moças.

- Fico-lhe extremamente agradecido pelo desengano.

- Estimo que lhe sirva de muito.

- Já serve, minha senhora; já tirei grande proveito dele.

- E como?...

- Escute: abatido e desesperado com os meus infortúnios, eu tinha jurado não amar a mais nenhuma moça que fosse morena, corada ou pálida; estavam, pois, esgotados os belos tipos... eu deveria morre celibatário.

- E agora?...

- Agora?... graças ao seu lundu, juro que de hoje avante amarei a todas elas... morenas, coradas, pálidas, magras e gordas, cortesãs ou roceiras, feias ou bonitas... tudo serve. E, com efeito, minha senhora, continuou Augusto, dirigindo-se à Sra. D. Ana, fiz-me absolutamente um ser novo, graças ao lundu; guardando e beijando com desvelo o meu querido breve, que sempre comigo trago, eu conservo a lembrança mais terna e constante de minha mulher: ela é o amor de meu coração, enquanto todas as outras são o divertimento dos meus olhos e o passatempo de minha vida. Eis, finalmente, a história de meus amores!... Tais foram as razões que me tornaram borboleta de amor.

Terminando assim, Augusto ia respirar um instante, quando pela segunda vez lhe pareceu ouvir ruído na porta da gruta.

- Alguém nos escuta, disse ele, como da outra vez.

- É talvez uma nova ilusão... respondeu a digna hóspeda.

- Não, minha senhora; eu ouvi distintamente a bulha de uma pessoa que corre, tornou Augusto, dirigindo-se à entrada da gruta e observando ao derredor dela.

- Então?... perguntou a Sra. D. Ana.

- Enganei-me, na verdade.

- Mas vê alguém?...

- Apenas lá vejo a sua bela neta, a Sra. D. Carolina, que se precipita com a maior graça do mundo sobre uma borboleta que lhe foge e que ela procura prender.

- Uma borboleta...

9

A Sra. D. Ana com suas Histórias

Finalmente, o bom do estudante que, quando lhe dava para falar, era mais difuso que alguns de nossos deputados novos na discussão do art. 1.º dos orçamentos, julgou dever fazer pausa de suspensão; mas a Sra. D. Ana, que já tinha-o por vezes interrompido fora de tempo e debalde, não quis tomar a palavra para responder, sem segurar-se, dirigindo-lhe estas palavras pela ordem:

- Então concluiu, Sr. Augusto?...

- Sim, minha senhora; e peço-lhe perdão por me haver tornado incômodo, pois fui, sem dúvida, tão minucioso em minha narração que eu mesmo tanto me fatiguei, que vou beber uma gota d’água.

E isto dizendo, foi ao fundo da gruta, e enchendo o copo de prata na bacia de pedra, o esgotou até ao fim; quando voltou os olhos, viu que a boa hóspeda estava rindo-se maliciosamente.

- Sabe de que estou rindo?... disse ela.

- Certamente que não o adivinho.

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