- E vê alguém no jardim?...
- Apenas a Sra. D. Carolina, que vai apressadamente para o rochedo.
- Sempre minha neta!...
- E eu, minha senhora, tenho que pedir-lhe uma graça.
- Diga.
- Rogo-lhe que, por sua intervenção, me facilite o prazer de ouvir sua linda neta cantar a balada de Aí, que tanto me interessou com o seu amor.
- Oh!... não carece pedir... não a ouve cantar... sobre o rochedo?... E a balada.
- Será possível?!
- Adivinhou o seu pensamento.
10
A Balada no Rochedo
A hóspeda e o estudante deixaram então a gruta e, tomando campo no jardim para vencer a altura do rochedo, viram a bela Moreninha em pé e voltada para o mar, com seus cabelos negros divididos em duas tranças que caíam pelas espáduas, e cantando com terna voz o seguinte: I
Eu tenho quinze anos
E sou morena e linda!
Mas amo e não me amam,
E tenho amor ainda,
E por tão triste amar
Aqui venho chorar.
II
O riso de meus lábios
Há muito que murchou;
Aquele que eu adoro
Ah! foi quem o matou:
Ao riso, que morreu,
O pranto sucedeu.
III
O fogo de meus olhos
De todo se acabou:
Aquele que eu adoro
Foi quem o apagou:
Onde houve fogo tanto
Agora corre o pranto.
IV
A face cor de jambo
Enfim se descorou;
Aquele que eu adoro
Ah! foi que a desbotou:
A face tão rosada
De pranto está lavada!
V