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movem! 4 Nós diremos mais: que os fatos se multiplicaram tanto que eles

desfrutam hoje do direito à cidadania, e não se pensa em mais nada senão encontrar uma explicação racional. Pode-se deduzir algo contra a realidade do fenômeno pelo fato de ele não se produzir de uma maneira sempre idêntica conforme a vontade e as exigências do observador? Os fenômenos de eletricidade e de química não estão subordinados a certas condições?

Devemos negá-los pelo fato de eles não se produzem fora dessas condições? É

então de se admirar que o fenômeno do movimento dos objetos pelo fluido humano também tenha suas condições de ser e deixe de se produzir quando o observador, colocando-se no seu próprio ponto de vista, pretenda fazê-lo seguir segundo seu capricho, ou o sujeite às leis dos fenômenos conhecidos, sem considerar que para fatos novos pode e deve haver novas leis? Ora, para se conhecer essas leis, é preciso estudar as circunstâncias pelas quais os fatos se produzem, e esse estudo não pode deixar de ser o fruto de uma observação perseverante, atenta e às vezes muito demorada.

Porém, certas pessoas contestam: há frequentemente fraudes evidentes.

Em primeiro lugar, perguntaremos se elas estão bem certas de que haja 3 Foi observando o que ele mesmo chamou de “dança das rãs” que o médico e físico italiano Luigi Galvani (1737-1798) desenvolveu o estudo que resultou na descoberta do fluido elétrico conduzido aos músculos através dos nervos, que mais tarde resultaria também na invenção da pilha elétrica por Alessandro Volta. Aqui, Kardec faz um paralelo entre dois eventos aparentemente grotescos e os importantes resultados deles extraídos. — N. T.

4 Kardec aqui parafraseia o célebre astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) que, segundo a tradição, ironizou a sentença condenatória que a Igreja lhe impôs por ele defender a ideia de que a Terra girava em torno do Sol (enquanto o clero pregava que o centro do Universo era a Terra, em torno da qual tudo o mais girava); apesar da sentença eclesiástica, Galileu teria dito:

“E no entanto ela (a Terra) gira!” — N. T.

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fraudes e se não tomaram por falsos os efeitos que elas não podiam explicar, mais ou menos como o camponês que tenha confundido um sábio professor de física fazendo suas experiências por um astuto enganador. Admitindo-se mesmo que algumas vezes haja fraudes, isso seria razão para negarmos o fato? Devemos negar a física por haver ilusionistas que dão a si mesmo o título de físicos? Ao demais, devemos levar em conta o caráter das pessoas e o interesse que possam ter em iludir. Então, seria tudo mera brincadeira? Pode-se muito bem se divertir por algum tempo, mas uma brincadeira prolongada indefinidamente seria tão enfadonha para o mistificador quanto para o mistificado. Além do mais, numa mistificação que se propaga de um canto a outro do mundo e entre as pessoas mais sérias, honradas e esclarecidas, haveria uma coisa pelo menos tão extraordinária quanto o próprio fenômeno.

IV

Se os fenômenos de que estamos tratando ficassem restritos ao movimento dos objetos, eles teriam permanecido — como já afirmamos — no domínio das ciências físicas; contudo, não foi assim que aconteceu: estavam destinados a nos colocar no caminho de fatos de uma estranha ordem.

Acreditou-se haver descoberto — não sabemos por qual iniciativa — que a impulsão dada aos objetos não era simplesmente o produto de uma força mecânica cega, mas que havia nesse movimento a intervenção de uma causa inteligente. Uma vez aberto, esse caminho constituía um campo totalmente novo de observações; era o véu sobre muitos mistérios que se levantava.

Haverá realmente nesse caso uma força inteligente? Eis a questão. Se essa força existe, qual é ela, qual a sua natureza e a sua origem? Encontra-se ela acima da humanidade? Aqui estão outras questões que decorrem da primeira.

As primeiras manifestações inteligentes ocorreram por meio de mesas que se levantavam e davam com um pé um determinado número de batidas, e desse modo respondendo com sim ou não, segundo a convenção, a uma pergunta feita. Até aí, nada de convincente para os céticos, pois bem podiam crer que tudo fosse um efeito do acaso. Obteve-se depois respostas mais

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desenvolvidas pelas letras do alfabeto: o objeto móvel dava certo número de pancadas correspondendo ao número da ordem de cada letra, chegando assim a formar palavras e frases, respondendo às questões propostas. A exatidão das respostas e a sua correlação com as questões causaram espanto. O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era Espírito ou gênio, se deu um nome e forneceu diversas informações a seu respeito. Esta é uma circunstância muito importante a assinalar: ninguém então tinha imaginado Espíritos como um meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra. Com frequência, nas ciências exatas, criam-se hipóteses para se ter uma base de raciocínio, o que não é o caso aqui.

Esse meio de correspondência era demorado e incômodo. O Espírito — e isto ainda é uma circunstância digna de nota — indicou outro. Foi um desses seres invisíveis quem deu o conselho de se adaptar um lápis a uma cesta ou a outro objeto. Essa cesta, colocada em cima de uma folha de papel, é posta em movimento pela mesma potência oculta que faz mover as mesas; mas, em vez de um simples movimento regular, o lápis traça por si mesmo caracteres formando palavras, frases, dissertações inteiras de várias páginas, tratando das mais altas questões de filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia etc., e com tanta rapidez como se fosse escrito à mão.

O conselho foi dado simultaneamente na América, na França e em diversos países. Eis os termos nos quais ele foi dado em Paris, no dia 10 de junho de 1853, a um dos mais fervorosos adeptos da doutrina e que, havia muitos anos, desde 1849, se ocupava com a evocação dos Espíritos: “Vá buscar, no aposento ao lado, a cestinha; amarre um lápis a ela; coloque-a sobre o papel; ponha os dedos sobre a borda.” Então, alguns instantes após, a cesta colocou-se em movimento e o lápis escreveu muito legivelmente esta frase: “O que lhes digo aqui, eu os proíbo expressamente de dizer a quem quer que seja; a primeira vez que escrever, escreverei melhor.”

Como o objeto ao qual se adapta o lápis não passa de um instrumento, sua natureza e sua forma são completamente indiferentes; procurou-se a maneira mais cômoda; é por isso que muita gente faz uso de uma pequena prancheta.

A cesta, ou a prancheta, não pode ser posta em movimento senão sob a

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influência de certas pessoas dotadas, para isso, de um poder especial, a quem designamos pelo nome de médiuns, quer dizer um meio, ou intermediários entre os Espíritos e os homens. As condições que dão esse poder resultam de causas ao mesmo tempo físicas e morais — causas ainda não conhecidas perfeitamente, pois há médiuns de todas as idades, de todos os sexos e em todos os graus de desenvolvimento intelectual. Além disso, essa faculdade se desenvolve pelo exercício.

V

Mais tarde se reconheceu que a cesta e a prancheta não formavam realmente mais do que um acessório da mão e o médium, segurando o lápis diretamente, se pôs a escrever por um impulso involuntário e quase febril.

Por esse meio as comunicações se tornaram mais rápidas, mais fáceis e mais completas; hoje esse é o modo mais empregado e por isso o número de pessoas dotadas dessa aptidão é muito considerável e se multiplica todos os dias. A experiência enfim deu a conhecer diversas outras variedades na faculdade mediatriz, vindo-se a saber que as comunicações igualmente podiam ocorrer pela palavra, pela audição, pela visão, pelo tato etc., e até pela escrita direta dos Espíritos, isto é, sem a ajuda da mão do médium nem do lápis.

Obtido o fato, restava constatar um ponto essencial: o papel do médium nas respostas e a parte que ele pode ter nelas — seja mecanicamente, seja moralmente. Duas circunstâncias capitais, que não escapariam a um observador atento, podem resolver a questão. A primeira é a maneira pela qual a cesta se move sob a sua influência, apenas pela imposição dos dedos sobre a borda; o exame do fato demonstra a impossibilidade de uma direção qualquer. Essa impossibilidade, sobretudo, torna-se evidente quando duas ou três pessoas colocam juntamente as mãos sobre a mesma cesta; seria preciso entre elas uma concordância de movimento verdadeiramente fenomenal; seria preciso ainda a concordância dos pensamentos para que elas pudessem se entenderem quanto à resposta a dar para a questão formulada. Outro fato,

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não menos singular, ainda vem aumentar esta dificuldade: é a mudança radical da grafia conforme o Espírito que se manifesta, e a cada vez que o mesmo Espírito retorna, reproduzindo sua escrita. Então seria necessário que o médium praticasse mudar sua própria escrita de várias maneiras diferentes e principalmente que pudesse se lembrar de qual corresponde a esse ou àquele Espírito.

A segunda circunstância resulta da natureza mesma das respostas que muitas das vezes — especialmente quando se trata de questões abstratas ou científicas — estão notoriamente fora dos conhecimentos e certas vezes fora do alcance intelectual do médium, que, além disso, como normalmente sucede, não tem consciência do que se escreve sob sua influência; que muito frequentemente não entende ou não compreende a questão proposta, pois ela pode ser num idioma que lhe seja estranho, ou até mentalmente, e que a resposta possa ser feita nessa língua. Enfim, acontece muito que a cesta escreva espontaneamente, sem questão prévia, sobre um assunto qualquer e inteiramente improvisado.

Em certos casos, essas respostas têm um toque de sabedoria, de profundidade e de propósito; elas revelam pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem vir senão de uma inteligência superior, impregnada da mais pura moralidade; de outras vezes, são tão levianas, tão fúteis, e até tão vulgares que a razão se recusa crer que possam proceder da mesma fonte.

Tal diversidade de linguagem não pode ser explicada a não ser pela diversidade das inteligências que se manifestam. Essas inteligências estão na humanidade ou fora da humanidade? Eis o ponto a ser esclarecido e cuja explicação completa se encontrará nesta obra tal como foram fornecidas pelos próprios Espíritos.

Aqui estão os efeitos patentes que se produzem fora do círculo habitual de nossas observações, que não se passam misteriosamente, mas à luz do dia, que todo mundo pode ver e comprovar, que não constituem privilégio de um único indivíduo e que milhares de pessoas repetem todos os dias à vontade.

Esses efeitos têm necessariamente uma causa, e a partir do momento que mostram a ação de uma inteligência e de uma vontade, eles saem do domínio puramente físico.

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Várias teorias têm sido emitidas sobre esse assunto; vamos examiná-las agora e veremos se elas podem dar conta de todos os fatos que se produzem.

Por enquanto, vamos admitir a existência de seres distintos da humanidade, pois esta é a explicação fornecida pelas inteligências que se revelam, e vejamos o que eles nos dizem.

VI

Como temos dito, os próprios seres que se comunicam assim se designam pelo nome de Espíritos ou gênios, dos quais alguns declaram terem pertencido aos homens que viveram na Terra. Eles compõem o mundo espiritual, como nós — durante nossa vida terrena — constituímos o mundo corporal.

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