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Mais uma vez, e este é um ponto importante sobre o qual nunca insistiremos o bastante: a teoria sonambúlica e aquela que poderíamos chamar refletiva foram imaginadas por alguns homens; são opiniões individuais, criadas para explicar um fato, ao passo que a doutrina dos Espíritos não é de concepção humana; ela foi ditada pelas próprias inteligências que se manifestam, quando ninguém o esperava, quando até a opinião geral a repulsava. Ora, perguntamos onde os médiuns foram achar uma doutrina que não passava no pensamento de ninguém na Terra; perguntamos ainda mais: por que estranha coincidência milhares de médiuns disseminados por todos os pontos do globo, e que jamais se viram, concordaram em dizer a mesma coisa? Se o primeiro médium que apareceu na França sofreu a influência de opiniões já aceitas na América, por qual estranheza ele foi buscá-las a 2 mil léguas além-mar, e no seio de um povo tão diferente pelos costumes e pela linguagem, em vez de tirá-las do seu redor?

Ainda há outra circunstância sobre qual não se tem refletido o bastante.

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As primeiras manifestações na França, como na América, não ocorreram nem pela escrita nem pela palavra, e sim por pancadas concordantes com as letras do alfabeto, formando palavras e frases. Foi por esse meio que as inteligências que se revelaram declararam ser Espíritos. Se então pudéssemos supor a intervenção do pensamento dos médiuns nas comunicações verbais ou escritas, assim não poderia ser com relação às pancadas, cuja significação não podia ser conhecida de antemão.

Poderíamos citar inúmeros fatos que demonstram, na inteligência que se manifesta, uma individualidade evidente e uma absoluta independência de vontade. Portanto, recomendamos aos divergentes uma observação mais atenta e, se bem quiserem estudar sem prevenções e concluir antes de terem visto tudo, reconhecerão a impotência de sua teoria para dar sentido a tudo.

Vamos nos limitar a colocar as questões seguintes: por que a inteligência que se manifesta, qualquer que seja ela, recusa responder a certas perguntas sobre assuntos perfeitamente conhecidos como, por exemplo, sobre o nome ou a idade do interlocutor, sobre o que ele tem na mão, o que fez na véspera, o que planeja para o dia seguinte etc.? Se o médium fosse o espelho do pensamento dos assistentes, nada lhe seria mais fácil do que responder.

Os adversários retrucam a esse argumento perguntando, por sua vez, por que os Espíritos — que deveriam saber de tudo — não podem dizer coisas tão simples, segundo o ditado: Quem pode o mais pode o menos, de que concluem que esses não são Espíritos. Se, por exemplo, um ignorante ou um brincalhão de mau gosto, apresentando-se diante de uma assembleia de doutores, perguntasse por que o dia está claro às doze horas, alguém acreditará que essa assembleia se daria ao trabalho de responder seriamente, e seria lógico concluir que, do seu silêncio ou das zombarias com que pagasse ao interrogante, seus membros não passam de tolos? Ora, é exatamente por serem Espíritos superiores que eles não respondem a questões fúteis e ridículas, nem consentem serem colocados à prova; é por isso que se calam ou declaram que só se ocupam com coisas mais sérias.

Indagaremos, finalmente, por que é os Espíritos muitas vezes vêm e vão em dado momento e, passado esse momento, não há nem preces nem súplicas que os façam voltar? Se o médium agisse unicamente pela impulsão mental

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dos assistentes, é claro que, em tal circunstância, o concurso de todas as vontades reunidas haveria de estimular sua clarividência. Portanto, se ele não cede ao desejo da assembleia, corroborado pela sua própria vontade, é que o médium obedece a uma influência que é estranha a ele e aos que o cercam, e que por isso essa influência aponta sua independência e sua individualidade.

XVII

O cepticismo no tocante à doutrina espírita, quando não resulta de uma oposição sistemática por interesse, quase sempre nasce de um conhecimento incompleto dos fatos, o que não impede que certas pessoas decidam a questão como se a conhecessem perfeitamente. Podemos ter muita esperteza, muita instrução mesmo, e carecermos de bom senso. Ora, o primeiro indício de uma falta de bom senso é o de se crer na própria infalibilidade. Muita gente também não vê nas manifestações espíritas nada mais do que um objeto de curiosidade; esperamos que, pela leitura deste livro, elas encontrem nos fenômenos extraordinários alguma coisa mais do que simples passatempo.

A ciência espírita contém duas partes: uma experimental, sobre as manifestações em geral; e a outra filosófica, sobre as manifestações inteligentes. Aquele que tenha observado somente a primeira está na posição de quem só conhecesse a física por experiências recreativas, sem ter penetrado no âmago da ciência. A verdadeira doutrina espírita está no ensino dado pelos Espíritos, e os conhecimentos que esse ensinamento traz são importantes demais para serem adquiridos de qualquer modo que não seja por um estudo sério e perseverante, feito no silêncio e no recolhimento; pois só nesta condição se pode observar um número infinito de fatos e detalhes que escapam ao observador superficial, e permitem firmar uma opinião. Se este livro não tivesse outro resultado além de mostrar o lado sério da questão e de provocar estudos neste sentido, isso já seria muito e nós aplaudiríamos por termos sido escolhido para executar uma obra na qual, aliás, não pretendemos ter nenhum mérito pessoal, porque os princípios que ela traz não são nossa criação; o seu mérito, em suma, é inteiramente dos Espíritos que a ditaram. Esperamos que ela tenha outro resultado, o de guiar os

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homens desejosos de se esclarecer, mostrando-lhes nestes estudos um objetivo grande e sublime: o do progresso individual e social, além de lhes indicar o caminho a seguir para alcançar esse objetivo.

Vamos concluir com uma última consideração. Os astrônomos, sondando o espaço, encontraram na distribuição dos corpos celestes lacunas não justificadas e em desacordo com as leis do conjunto; eles suspeitaram que essas lacunas deviam estar repletas de globos que escapavam de suas observações. De outro lado, observaram certos efeitos cuja causa lhes era desconhecida, e disseram entre si: deve haver ali um mundo, pois esta lacuna não pode existir, e estes efeitos devem ter uma causa. Então julgando a causa pelo efeito eles puderam calcular os seus elementos e mais tarde os fatos vieram confirmar as suas previsões. Apliquemos este raciocínio a outra ordem de ideias. Se observarmos a sequência dos seres, descobriremos que eles formam uma cadeia sem solução de continuidade a partir da matéria bruta até o homem mais inteligente. Todavia, entre o homem e Deus, que é o alfa e o ômega de todas as coisas, que imensa lacuna! Será racional pensarmos que terminam no homem os anéis dessa cadeia? E que ele transponha sem transição a distância que o separa do infinito? A razão nos diz que entre o homem e Deus deve haver outros níveis, como ela diz aos astrônomos que entre os mundos conhecidos deva haver mundos desconhecidos. Qual é a filosofia que preencheu essa lacuna? O espiritismo mostra a lacuna preenchida pelos seres de todas as classes do mundo invisível, e estes seres não são mais do que os Espíritos dos homens que chegaram aos diferentes graus que conduzem à perfeição. Então, tudo se liga, tudo se encadeia, desde o alfa até o ômega. Vocês que negam a existência dos Espíritos, preencham então o vácuo que eles ocupam; e vocês que riem deles, ousem rir das obras de Deus e da sua onipotência!

ALLAN KARDEC

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PROLEGÔMENOS

Fenômenos que estão fora das leis da ciência comum se manifestam por toda parte e revelam em sua causa a ação de uma vontade livre e inteligente.

A razão diz que um efeito inteligente há de ter como causa uma força inteligente, e os fatos têm provado que essa força pode entrar em comunicação com os homens por meio de sinais materiais.

Interrogada acerca da sua natureza, essa força declarou pertencer ao mundo dos seres espirituais que se despojaram do invólucro corporal do homem. Assim é que foi revelada a doutrina dos Espíritos.

As comunicações entre o mundo espírita e o mundo corpóreo estão na ordem natural das coisas e não constituem nenhum fato sobrenatural; é por isso que encontramos vestígio delas em todos os povos e em todas as épocas; hoje elas se generalizaram e se tornaram evidentes para todo o mundo.

Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, sua missão é a de instruir e de esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da humanidade.

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Este livro é a coletânea dos seus ensinamentos; ele foi escrito por ordem e sob o ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos preconceitos da ideia sistemática. Ele não contém nada que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha passado pelo seu controle. Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação constituem obra daquele que recebeu a missão de publicá-lo.

Dentre os Espíritos que colaboraram para a execução desta obra, muitos viveram em épocas diversas na Terra, onde pregaram e praticaram a virtude e a sabedoria; outros, pelos seus nomes, não pertencem a nenhum personagem de que a História guarde a lembrança, mas cuja elevação é verificada pela pureza de sua doutrina e sua união com os que trazem nomes venerados.

Eis os termos nos quais eles nos deram por escrito, através de vários médiuns, a missão de escrever este livro:

“Ocupa-te com zelo e perseverança do trabalho que empreendeste com o nosso auxílio, pois esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases do novo edifício que se ergue e que um dia deve reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade. Contudo, antes de o divulgar, vamos revê-lo juntos, a fim de verificarmos todos os seus detalhes.

“Estaremos contigo todas as vezes que o pedires e para te ajudarmos nos teus outros trabalhos, porque esta é apenas uma parte da missão que a ti foi confiada, o que já te foi revelada por um de nós.

“Dentre os ensinamentos que te foram dados, alguns há que deves guardar para ti somente, até nova ordem; nós te indicaremos quando chegar o momento de os publicar: enquanto esperas, medita sobre eles, a fim de estar pronto quando te dissermos o momento certo.

“Colocarás no cabeçalho do livro a cepa de vinha que te desenhamos9, porque ela é o emblema do trabalho do Criador; todos os 9 A cepa aqui colocada é o fac-símile daquela que foi desenhada pelos Espíritos.

[Nota do Tradutor – Aqui reproduzimos a cópia exata da imagem que consta na edição original francesa que serviu de base para esta tradução (16ª ed.), anotando que esta figura foi

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princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito encontram-se nela reunidos: o corpo é a cepa e o espírito é o licor; a alma — ou seja, o espírito unido à matéria — é o bago. O homem purifica o espírito pelo trabalho, e tu sabes que é somente pelo trabalho do corpo que o espírito adquire conhecimentos.

“Não te deixes desanimar pela crítica. Tu encontrarás contraditores encarniçados, sobretudo entre as pessoas interessadas nos abusos. Tu os encontrarás até mesmo entre os Espíritos, pois aqueles que ainda não estão completamente desmaterializados procuram frequentemente semear a dúvida por malícia ou por ignorância. Então, prossegue sempre; crê em Deus e caminha com confiança: estaremos aqui para te amparar, e está próximo o tempo em que a verdade brilhará por toda parte.

“A vaidade de certos homens que creem saber tudo e querem explicar tudo à sua maneira fará nascer opiniões dissidentes; mas todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se juntarão num só sentimento de amor do bem, e se unirão por um laço fraterno que vai envolver o mundo inteiro; estes deixarão de lado as mesquinhas disputas de palavras, para só se ocuparem com as coisas essenciais, e a doutrina será sempre a mesma, quanto aos fundamentos, para todos os que receberem comunicações de Espíritos superiores.

“É com a perseverança que chegarás a colher os frutos de teus trabalhos. O prazer que experimentarás em ver a doutrina se propagar e ser bem compreendida será para ti uma recompensa, cujo valor integral conhecerás, talvez mais no futuro do que no presente. Portanto, não te utilizada a partir da 2ª edição, sendo ela um recorte do desenho original da 1ª edição, que então reproduzimos fielmente na figura abaixo:]

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