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659. Qual é a característica geral da prece?

“A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele, é se aproximar dele, é se colocar em comunicação com ele. Pela prece nós podemos nos propor três coisas: louvar, pedir e agradecer.”

660. A prece torna o indivíduo melhor?

“Sim, porque aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. Este é um socorro que jamais é recusado quando é feito com sinceridade.”

660-a. — Como é que certas pessoas que rezam bastante sejam, apesar disso, de um péssimo caráter, ciumentas, invejosas, desagradáveis, carentes de benevolência e de indulgência e até mesmo viciosas?

“O essencial não é rezar muito, mas rezar bem. Essas pessoas creem que todo o mérito está na demora da prece e fecham os olhos para os próprios defeitos. A prece é para eles uma ocupação, um emprego do tempo, porém nunca uma reflexão sobre si mesmo. Não é o remédio que seja ineficaz; é a maneira como ele é utilizado.”

661. Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?

“Deus sabe discernir o bem e o mal: a prece não esconde as faltas. Aquele que pede perdão a Deus por seus erros não o obtém a não ser mudando de conduta. As boas ações são a melhor das preces, porque os atos valem mais que as palavras.”

662. Podemos orar utilmente pelos outros?

“O Espírito de quem ora age por sua vontade de fazer o bem. Pela prece ele atrai os bons Espíritos, que se associam ao bem que ele deseja fazer.”

Nós possuímos em nós mesmos, através do pensamento e da vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites da nossa esfera corporal. A prece em favor dos outros é um ato dessa vontade. Se ela for ardente e sincera,

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pode atrair em auxílio os bons Espíritos a fim de sugerir ao favorecido bons pensamentos e de lhe dar a força que necessite para o corpo e para a alma. Mas ainda assim, a prece de coração é tudo; a dos lábios não vale nada.

663. As preces que fizermos por nós mesmos podem mudar a natureza das nossas provações e desviar seu curso?

“As vossas provações estão nas mãos de Deus e há algumas que devem ser suportadas até o fim, mas então Deus sempre leva em conta a resignação.

A prece traz para junto de vocês os bons Espíritos que vos dão a força para suportá-las com coragem, e elas vos parecem menos duras. Já dissemos: a prece nunca é inútil quando é benfeita, porque ela dá força — o que já é um grande resultado. Ajuda-te e o céu te ajudará — você conhece isso. 52 Aliás, Deus não pode mudar a ordem da natureza pela vontade de cada um, porque aquilo que é um grande mal — segundo o vosso ponto de vista mesquinho e o da vossa vida efêmera — é muitas vezes um grande bem na ordem geral do Universo. E quantos males há dos quais o homem é o próprio autor, por causa de sua imprevidência ou por suas faltas! Ele é punido naquilo que pecou.

Entretanto, os pedidos justos frequentemente são atendidos mais do que supõem. Vocês acreditam que Deus não lhes tem escutado por ele não ter feito um milagre por vocês, enquanto ele lhes ajuda por meios tão naturais que parecem o efeito do acaso ou da força das coisas; muitas vezes também —

muitas vezes mesmo — ele lhes suscita o pensamento necessário para que, por vocês mesmos, saiam das dificuldades.”

664. Será útil rezarmos pelos mortos e pelos Espíritos sofredores? E nesse caso, como nossas orações podem proporcionar alívio e abreviar seus sofrimentos? Teriam elas o poder de abrandar a justiça de Deus?

“A oração não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma por quem se reza experimenta com isso um alívio, porque isso é um testemunho de interesse que alguém tem por ele, e que o infeliz sempre fica reconfortado quando encontra almas caridosas que se compadecem de suas dores. Por outro lado, pela prece nós o estimulamos ao arrependimento e ao 52 Esse tema está muito bem desenvolvido no capítulo XXV da obra O Evangelho segundo o

Espiritismo, também de Allan Kardec. — N. T.

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desejo de fazer o que é necessário para ser feliz. É nesse sentido que podemos abreviar sua pena, se, por sua vez, ele colaborar com boa vontade. Esse desejo de melhoramento, despertado pela prece, atrai para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores, que vem para o esclarecer, consolar e lhe dar esperança. Jesus orava pelas ovelhas desgarradas, mostrando-lhes desse modo que se tornariam culpados se não fizessem o mesmo pelos que mais necessitam das suas preces.”

665. Que pensar da opinião que rejeita a prece em favor dos mortos, por ela não estar recomendada no Evangelho?

“O Cristo disse aos homens: Amem-se uns aos outros. Essa recomendação inclui a de se empregar todos os meios possíveis para lhes demonstrar afeição, sem entrar em detalhes sobre a maneira de atender a esse objetivo. Se é verdade que nada pode impedir o Criador de aplicar a justiça — da qual ele é a própria imagem, para todas as ações do Espírito —

não é menos verdadeiro que a prece que vocês lhe dirigem em favor daquele que lhes inspira afeição é para ele um testemunho da lembrança, que só pode contribuir para aliviar seus sofrimentos e lhe consolar. Desde que ele demonstre o menor arrependimento — e então — ele será socorrido; mas ele nunca ignora que uma alma simpática se ocupou dele e fica com o agradável pensamento de que aquela intercessão lhe foi útil. Resulta disso necessariamente de sua parte um sentimento de reconhecimento e afeição por aquele que lhe deu essa prova de interesse ou piedade. Por consequência, o amor que o Cristo recomendou aos homens só aumentou entre eles. Ambos, com isso, obedeceram à lei de amor e de união de todos os seres, lei divina que deve conduzir à unidade — objetivo e finalidade do Espírito.” 53

666. Podemos orar aos Espíritos?

“Pode-se orar aos bons Espíritos como sendo os mensageiros de Deus e os executores das vontades dele, mas o poder destes está na relação de sua superioridade e decorre sempre do senhor de todas as coisas, sem cuja 53 Resposta dada pelo Espírito do Sr. Monod, pastor protestante de Paris, morto em abril de 1856. A resposta anterior, n° 664, é do Espírito de são Luís.

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permissão nada se faz. Eis por que as orações que se lhes são dirigidas não são eficazes senão se forem bem-aceitas por Deus.”

Politeísmo

667. Por que o politeísmo é uma das crenças mais antigas e mais generalizadas, conquanto ela seja falsa?

“A compreensão de um Deus único não poderia existir no homem senão como resultado do desenvolvimento de suas ideias. Na sua ignorância, sendo incapaz de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, agindo sobre a matéria, o homem deu a Deus os atributos da natureza corpórea, isto é, uma forma e uma figura, e desde então tudo o que parecia ultrapassar as proporções da inteligência comum era para ele uma divindade. Tudo o que não compreendia devia ser obra de uma força sobrenatural, e daí até acreditar em tantas potências distintas quantos efeitos ele observasse era só um passo. Em todos os tempos, porém, existiram homens instruídos que compreenderam a impossibilidade dessa multiplicidade de poderes a governar o mundo, sem uma direção superior, e que se elevaram à concepção de um Deus único.”

668. Será que os fenômenos espíritas — sendo produzidos em todos os tempos e conhecidos desde as primeiras épocas do mundo — não podem ter contribuído para se acreditar na pluralidade dos deuses?

“Sem dúvida, pois os homens chamando de deus tudo o que era sobre-humano, os Espíritos eram para eles deuses, e é por isso que quando um homem se distinguia entre os outros pelas suas ações, pela sua genialidade ou por um poder oculto incompreendido pelo ignorante, então faziam dele um deus e lhe rendiam culto após sua morte.” (Ver a questão 603.) Entre os antigos, a palavra deus tinha uma significação muito ampla. Não era uma personificação do senhor da natureza — como nos nossos dias; era uma qualificação genérica dada a todo ser colocado além das condições da humanidade.

Como as manifestações espíritas lhes havia revelado a existência de seres incorpóreos que atuavam como força da natureza, eles eram chamados deuses,

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como nós os chamamos Espíritos. É uma simples questão de palavras, com a diferença de que em sua ignorância — mantida de propósito por aqueles que tinham interesse nisso — eles ergueram templos e altares bastante lucrativos, enquanto para nós eles são simples criaturas, como nós, mais ou menos perfeitas, sem o seu corpo terrestre. Se estudarmos com cuidado os diversos atributos das divindades pagãs, reconheceremos sem dificuldade todos aqueles atributos dos nossos Espíritos em todos os graus da escala espírita, o seu estado físico nos mundos superiores, todas as propriedades do perispírito e o papel que desempenham nas coisas da Terra.

O cristianismo, vindo esclarecer o mundo com sua luz divina, não podia destruir uma coisa que está na natureza, mas fez com que se direcionasse a adoração para aquele a quem ela pertence. Quanto aos Espíritos, sua lembrança se perpetuou sob diversos nomes, conforme os povos, e suas manifestações — que jamais cessaram — foram diversamente interpretadas e muitas vezes exploradas sob o domínio do mistério; enquanto a religião via fenômenos miraculosos, os incrédulos viam neles charlatanismo. Hoje, graças aos estudos mais sérios, feitos à plena luz, o espiritismo — livre das ideias supersticiosas que o obscureceram durante séculos — nos revela um dos maiores e mais sublimes princípios da natureza.

Sacrifícios

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