Livro: A peste, de Albert Camus. Trad. de Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: Record, 2017.
Em 1947, Albert Camus escreveu uma obra que tem como pano de fundo uma epidemia que mata diversas pessoas. As reflexões do personagem principal, médico, trazem questionamentos sobre a condição humana que podem ser relacionados tanto à situação alegórica apresentada em Ensaio sobre a cegueira como à pandemia.
Filme: Janela da alma. Direção: João Jardim e Walter Carvalho. Brasil, 2004, 73 min. Livre.
Este documentário foi construído com base no depoimento de deze-nove pessoas com deficiência visual — de uma miopia leve à cegueira total. Nele, aparecem grandes personalidades da literatura, como o poeta brasileiro Manoel de Barros e o próprio José Saramago, além dos cineastas Agnès Varda e Wim Wenders, entre outras personalidades. O
principal argumento desta produção é compreender como a deficiência visual influencia a personalidade dessas pessoas.
Filme: José e Pilar. Direção: Miguel Gonçalves Mendes. Brasil-Portugal-Espanha, 2010, 125 min. Livre.
Neste documentário, conhecemos o relacionamento entre o escritor 41
José Saramago e sua esposa, Pilar del Río, no cotidiano do casal. Como foi filmado próximo à morte do escritor, quando ele já tinha, aos 84
anos, consciência de que se aproximava esse momento, o documentário acaba retratando essa sua proximidade da morte.
Livro: Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Escrito quase uma década depois, este romance faz um diálogo com Ensaio sobre a cegueira. Quase como um desdobramento da obra anterior, neste há uma epidemia simbólica, pois, em uma situação de elei-ção, 70% da população vota em branco. Então, o governo e as autoridades políticas deixam a cidade à sua própria sorte, o que gera uma crise política que revela a fragilidade das instituições.
Vídeo: Entrevista com José Saramago. Programa Roda Viva, 13 out. 2003, 81
min.
Em 2003, numa visita ao Brasil, Saramago concede uma entrevista ao Roda Viva, programa da tv Cultura. A gravação pode ser acessada no canal de Youtube da própria emissora: https://www.youtube.com/
watch?v=k36uq02_fVY. Acesso em: 28 out. 2020. Bibliografia comentada
candido, Antonio. “A personagem do romance”. In: A personagem de ficção.
São Paulo: Perspectiva, 2009.
Este livro reúne textos de pensadores da crítica brasileira sobre a construção da personagem na literatura, no teatro e no cinema. Neste material, citamos especificamente o texto de Antonio Candido, que nos ajudou a conceitualizar as noções de personagem esférica e plana. No entanto, também vale muito a pena ler o texto de Anatol Rosenfeld, no qual ele desenvolve reflexões acerca da literatura, assim como os ensaios de Décio de Almeida Prado e Paulo Emílio Sales Gomes.
colomer, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007.
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Convencida de que os livros são os melhores colaboradores dos professores para a formação do leitor, a professora e pesquisadora espa-nhola Teresa Colomer oferece nesta obra uma contribuição valiosa tanto para ampliar as referências sobre a relação entre escola, leitores e livros, como para estimular a reflexão sobre o potencial de diferentes propostas escolares que envolvam a leitura. Na segunda parte do livro, a autora tece importantes considerações sobre aspectos que devem ser levados em conta no planejamento de atividades que envolvam a leitura autônoma, a leitura compartilhada e a leitura guiada por um leitor mais experiente. Por articular aporte teórico rigoroso e um olhar atento para as práticas escolares, o livro se configura como uma importante referência para profissionais que trabalham com a promoção da leitura.
lerner, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
Neste livro, um dos mais importantes para pensar a docência no âm-bito da leitura e da escrita, a autora aborda os limites da instituição escolar para o desenvolvimento das práticas sociais de leitura e escrita, ajudando-nos a pensar como ultrapassá-los, por meio uma leitura instigante e questionadora. Além disso, fornece uma série de exemplos inspiradores que podem ajudar na prática diária do ensino.
olson, David; torrance, Nancy. Cultura escrita e oralidade. São Paulo: Ática, 1997.
O livro faz parte da coleção Múltiplas Escritas, coordenada por Emília Ferreiro. Nesse volume, destacados estudiosos examinam detalhada-mente as relações entre oralidade e cultura escrita, ressaltando as diferentes maneiras pelas quais os recursos da fala e da escrita atendem a objetivos especiais. Uma leitura densa, mais centrada na historiografia que na didática, indicada aos que pretendem aprofundar seus estudos nessa área.
silva, Maria Ivonete Coutinho da. Ensaio sobre a cegueira: um olhar que transcende o olho. Dissertação de mestrado em teoria da literatura, 43
Universidade Federal de Pernambuco, 2002. Disponível em: https://
repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/7883/1/arquivo8083_1.pdf.
Acesso em: 28 out. 2020.
Esta pesquisa, que trata especificamente do romance de José Saramago, traz uma reflexão sobre o olhar na contemporaneidade. A autora faz uma investigação sobre a cegueira e seus significados alegóricos, bem como sobre o olhar e a visão. Vivemos num mundo em que tudo está exposto, para ser visto. E o que significa ver e olhar? E ser visto?
todorov, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, 2014.
Neste breve livro, Todorov cria as bases do que hoje conhecemos na crítica como literatura fantástica e a distingue do universo maravilhoso.
É uma literatura que pode ajudar a entender o contexto da produção desse tipo de obra no século xx e apoiar a discussão para compreender o que o Ensaio sobre a cegueira tem de realismo fantástico. Obras citadas
bräkling, Kátia Lomba. “Leitura colaborativa”. In: Glossário Ceale: termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores. Belo Horizonte: Facul-dade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/
leitura-colaborativa. Acesso em: 26 out. 2020.
brasil. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: mec/Consed/Undime, 2018.
ferreiro, Emilia. “Sobre as não previstas, porém, lamentáveis, consequências de pensar apenas na leitura e se esquecer da escrita quando se pretende formar um leitor”. In: 30 olhares para o futuro. São Paulo: Escola da Vila, 2010. Disponível em:
www.escoladavila.com.br/html/outros/2010/revista/30_anos/revista/files/final.pdf.
Acesso em: 13 out. 2020.
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hilário, Leomir Cardoso. “Teoria crítica e literatura: a distopia como ferramenta de análise radical da modernidade”. Anuário de Literatura, [s.
l.], v. 18, n. 2, 2013. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/2175-7917.2013v18n2p201. Acesso em: 28 out. 2020.
santos, Quênia Regina Matos dos. José Saramago, do romance historiográfico ao alegórico: a recepção de sua ficção. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ufrgs), 2019. Disponível em: https://
lume.ufrgs.br/handle/10183/205532. Acesso em: 13 out. 2020.
“a teoria panóptica de Michel Foucault: sobre o poder político e econômico que nos controla sem que possamos ver”. Pensar Contemporâneo, 29
nov. 2017. Disponível em: www.pensarcontemporaneo.com/teoria-da-
panoptica-de-michel-foucault. Acesso em: 13 out. 2020.
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