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Mas muito agarrada! — disse o rapazola. E bamboleando o corpo, com o cigarro ao canto da boca: — Estou com ela há dois meses, e ainda se não desabotoou senão com o relógio e três libras em ouro!. . Que eu, como quem diz, um dia passo-lhe o pé! — E cofiando o cabelo para a testa: — Não faltam mulheres! E das que têm Dom!

Mas a tia Vitória entrou, muito azafamada, com o xale no braço; e vendo Juliana:

Olá! Por cá! Tive que dar umas voltas; estou na rua desde às seis. Bons dias, Sra. Teodósia; bons dias, Ana. Viva, temos por cá o alfenim! Entra cá pra dentro, Juliana! Eu já venho, meus pombinhos, é um instante!

Levou-a para o outro quarto, para o lado do saguão:

E então, que há de novo?

Juliana pôs-se a contar longamente a cena da véspera, o desmaio. .

Pois minha rica — disse a tia Vitória —, o que está feito, está feito; não há tempo a perder; é mãos à obra! Tu vais ao Brito, ao hotel, e entendes-te com ele.

Juliana recusou-se logo; não se atrevia, tinha medo. .

A tia Vitória refletiu, coçando o ouvido; foi dentro, cochichou com o tio Gouveia, e voltando, fechando a porta do quarto:

Arranja-se quem vá. Tens tu as cartas?

Juliana tirou da algibeira uma velha carteirinha de marroquim escarlate. Mas hesitou um momento, olhou a tia Vitória com desconfiança.

Tens medo de largar os papéis, criatura? — exclamou ofendida a velha.

— Arranja-te tu; então arranja-te tu..

Juliana deu-lhas logo. Mas que as guardasse, que tivesse cautela!..

A pessoa — disse a tia Vitória — vai amanhã à noite falar com o Brito, e pede-lhe um conto de réis!

Juliana teve um deslumbramento. Um conto de réis! A tia Vitória estava a brincar!

Ora essa! Que pensas tu? Por uma carta, que quase não tinha mal nenhum, pagou uma pessoa que bate aí o Chiado de carruagem — ainda ontem a vi com uma pequerrucha que tem — pagou trezentos mil réis. E em belas notas. Pagou-os o janota, já se sabe; foi o janota que pagou. Se fosse outro, não digo, mas o Brito! É rico, é um mãos-rotas; cai logo. .

Juliana, muito branca, agarrou-lhe o braço, trémula:

Oh, tia Vitória! Dava-lhe um corte de seda.

Azul! Até já te digo a cor!

Mas o Brito é homem muito teso, tia Vitória; se lhe tira as cartas, se lhe faz alguma!

A tia Vitória. fitou-a com desdém:

Sais-me uma simplória! Imaginas que eu mando lá algum tolo? Nem as cartas vão; o que vai é uma cópia! Olha quem! O melro que lá há de ir!

E depois de refletir um momento:

Tu vai-te para casa. .

Não, lá isso não volto. .

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