—
Se eu te apanho! — rosnava a Joana descendo.
—
Rua! Rua, sua porca! — gania a Juliana.
Luísa então chamou a rapariga:
—
Joana, não procure casa, venha por aqui além de amanhã — disse-lhe baixo.
Juliana em cima cantava a Carta Adorada, com um júbilo estridente.
E daí a pouco desceu, veio dizer, muito secamente, que estava o jantar na mesa.
Luísa não respondeu. Esperou que ela subisse à cozinha, correu à sala de jantar, trouxe pão, um prato de marmelada, uma faca, veio fechar-se no quarto; — e ali jantou, a um canto da jardineira.
Às seis horas um trem parou à porta. Devia ser Sebastião! Foi ela mesma abrir, em bicos de pés. Era ele, animado, vermelho, com o chapéu na mão: trazia-lhe a chave da frisa número dezoito...
—
E isto. .
Era um ramo de camélias vermelhas, rodeadas de violetas dobradas.
—
Oh, Sebastião! — murmurou ela, com um reconhecimento comovido.
—
E carruagem, tem?
—
Não.
—
Eu cá mando. As oito, hem?
E desceu, todo feliz de a servir. Ela seguiu-o com o olhar que se humedecia.
Foi à janela do quarto vê-lo sair. — Que homem!" — pensava. E cheirava as
violetas, voltava o ramo na mão, sentia também um prazer doce na proteção dele, nos seus cuidados.
Nós de dedos bateram à porta do quarto:
—
Então a senhora não quer jantar? — disse a voz impaciente de Juliana, de fora.
—
Não.
—
Mais fica!
D. Felicidade veio um pouco antes das oito. Luísa ficou tranquila, vendo-a com vestido preto afogado, e o seu adereço de esmeraldas.
—
Então que é isto? Que estroinice é esta, vamos a saber? — disse logo, muito alegre, a excelente senhora.
Um capricho! — O Jorge tinha jantado fora, ela sentira-se tão só!. . Dera-lhe o apetite de ir ao teatro. Não pudera resistir. . Tinham de o ir buscar pelo Hotel Gibraltar.
—
Eu tinha acabado de jantar quando recebi o teu bilhete. Fiquei!. . E
estive para não vir — disse, sentando-se, com pancadinhas muito satisfeitas nas pregas do vestido. — Apertar-me depois de jantar! Felizmente não tinha comido quase nada!
Quis então saber o que ia. O Fausto? Ainda bem! De que lado era a frisa?