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— Aonde?

— Nos quatro cantos.

— Quantos sobram?

Página 147

— Dois apenas.

— Seremos nós.

— Precisais de mim?

— Sim.

Houve uma pequena pausa, em que um dos aventureiros parecia refletir profundamente enquanto o outro esperava; por fim o primeiro ergueu a cabeça:

— Rui, vós me sois dedicado?

— Dei-vos a prova.

— Preciso de um amigo fiel.

— Contai comigo.

— Obrigado.

O desconhecido apertou a mão de seu companheiro.

— Sabeis que amo uma mulher?

— Vós mo dissestes.

— Sabeis que é mais por essa mulher do que por este tesouro fabuloso que concebi esse plano horrível?

— Não; não o sabia.

— Pois é a verdade; pouco me importa a riqueza; sede meu amigo; servi-me lealmente, e tereis a maior parte do meu tesouro.

— Falei; que quereis que eu faça?

— Um juramento; mas um juramento sagrado, terrível.

— Qual? Dizei!

— Hoje essa mulher me pertencerá; entretanto se por qualquer acaso eu vier a morrer, quero que

O desconhecido hesitou.

— Quero que nenhum homem possa amá-la, que nenhum homem possa gozar a felicidade suprema que ela pode dar.

— Mas como?

— Matando-a!

Rui sentiu um calafrio.

— Matando-a, para que a mesma cova receba nossos dois corpos; não sei por quê, mas parece-me que ainda cadáver, o contato dessa mulher deve ser para mim um gozo imenso.

— Loredano!... exclamou seu companheiro horrorizado.

— Sois meu amigo e sereis meu herdeiro! disse o italiano agarrando-lhe convulsivamente no braço. É a minha condição; se recusais, outro aceitará o tesouro que rejeitais!

O aventureiro estava em lata com dois sentimentos opostos; mas a ambição violenta, cega, esvairada, abafou o grito fraco da consciência.

Página 148

— Jurais? perguntou Loredano.

— Juro!... respondeu Rui com a voz estrangulada.

— Avante então!

Loredano abriu a porta do seu cubículo, e voltou algum tempo depois trazendo uma tábua longa e estreita que colocou sobre o despenhadeiro como uma espécie de ponte suspensa.

— Ides segurar esta tábua, Rui. Entrego em vossas mãos a minha vida, e nisto dou-vos a maior prova de confiança. Basta que deixeis esta prancha mover-se para que eu me precipite sobre os rochedos.

O italiano achava-se então no mesmo lugar que na noite da chegada, algumas braças distante da janela de Cecília, onde não podia chegar por causa do ângulo que formavam o rochedo e o edifício.

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