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nevoeiro e visse aquilo que o afasta da felicidade. Então ele sofre mais, porque compreende o quanto foi culpado. Para ele, não há mais ilusões: ele vê a realidade das coisas.”

No estado errante, o Espírito abarca por um lado todas as suas existências passadas e por outro vê o futuro prometido, e avalia o que lhe falta para alcançá-lo.

Tal como um viajante que chega ao cume de uma montanha, enxerga o caminho já percorrido e o que lhe resta a percorrer para chegar ao seu objetivo.

976. A visão dos Espíritos que sofrem não é uma causa de aflição para os Espíritos bons? E nesse caso, como fica a felicidade destes se essa felicidade for perturbada?

“Isso não é motivo de aflição, porque eles sabem que o mal terá fim.

Auxiliam os outros a se melhorarem e lhes estendem as mãos: essa é a ocupação deles — e uma alegria quando são bem-sucedidos.”

976-a. — Isto é concebível da parte de Espíritos estranhos ou indiferentes. Mas a cena das tristezas e dos sofrimentos daqueles a quem

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eles amaram na Terra não perturba a sua felicidade?

“Se eles não vissem esses sofrimentos, aí é que eles seriam estranhos a vocês depois da morte. Ora, a religião vos diz que as almas veem vocês, mas consideram vossas aflições sob outro ponto de vista: sabem que esses sofrimentos são úteis ao vosso adiantamento — se vocês o suportarem com resignação. Então, as almas se afligem muito mais com a falta de coragem que vos retarda do que com os sofrimentos que eles mesmos sabem que são apenas passageiros.”

977. Como os Espíritos não podem esconder seus pensamentos uns dos outros, e como todos os atos da vida são conhecidos, isso significa que o culpado esteja na presença constante de sua vítima?

“Isso não poderia ser de outro modo — assim diz o bom senso.”

977-a. — Essa exibição de todos os nossos atos repreensíveis e a presença constante dos que foram vítimas desses atos seria um castigo para o culpado?

“Maior do que se pensa, mas somente até que o culpado tenha expiado suas faltas — seja como Espírito, seja como homem em novas existências corpóreas.”

Quando nós mesmos estivermos no mundo dos Espíritos, estando aberto todo o nosso passado, o bem e o mal que fazemos ficarão igualmente descobertos. Será em vão que aquele que praticou o mal queira escapar do olhar de suas vítimas: a presença inevitável destas será para cada qual um castigo e um remorso incessante, até que tenha expiado seus erros. Já o homem de bem, ao contrário, em toda parte encontrará unicamente olhares amigos e benevolentes.

Para o ímpio, não existe tormento maior na Terra do que a presença de suas vítimas — razão pela qual ele as evita sem cessar. Que será dele quando a ilusão das paixões for dissipada e ele compreender o mal que fez, vendo seus atos mais secretos revelados, sua hipocrisia desmascarada, e não puder se esconder da vista deles? Enquanto a alma do homem perverso fica presa à vergonha, ao pesar e ao remorso, a alma do justo desfruta de uma perfeita serenidade.

978. A lembrança das faltas que a alma pôde cometer, quando ainda era

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imperfeita, não perturba a sua felicidade mesmo depois de ela já ter se purificado?

“Não, porque ela resgatou suas faltas e saiu vitoriosa das provações às quais foi submetida nesse objetivo.”

979. As provas que restam a cumprir para completar sua purificação não constituem para a alma uma penosa apreensão que perturba sua felicidade?

“Para a alma que ainda está maculada, sim. É por isso que ela não pode gozar de uma felicidade perfeita, até que esteja completamente pura.

Entretanto, para aquela que já se elevou, pensar nas provas que lhes resta cumprir nada tem de doloroso.”

A alma que chegou a um certo grau de pureza já se deleita da felicidade; um sentimento de grata satisfação a penetra e ela fica feliz por tudo o que vê e por tudo o que a cerca. O véu se eleva sobre os mistérios e as maravilhas da criação, e as perfeições divinas lhe aparecem em todo o seu esplendor.

980. O laço de simpatia que une os Espíritos da mesma ordem representa para eles uma fonte de felicidade?

“A união dos Espíritos que simpatizam com o bem representa para eles um dos maiores prazeres, porque não temem ver essa união perturbada pelo egoísmo. No mundo completamente espiritual, eles formam as famílias com o mesmo sentimento, e é nisso que consiste a felicidade espiritual, assim como na Terra vocês se ajuntam por categorias e sentem prazer quando estão reunidos. A afeição pura e sincera que eles sentem e da qual são o objeto significa uma fonte de exultação, pois aí não há falsos amigos nem hipócritas.”

O homem prova na Terra das primícias dessa felicidade quando reencontra as almas com as quais pode se misturar numa união pura e santa. Em uma vida mais apurada, esse prazer será inefável e sem limites, porque aí ele só encontrará almas simpáticas que o egoísmo não terá tornado frias, e porque tudo é amor na natureza: o egoísmo é que o mata.

981. Para a futura situação do Espírito, haverá uma diferença entre aquele que em vida temia a morte e aquele outro que a encarava com indiferença e

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até mesmo com alegria?

“A diferença pode ser muito grande, entretanto ela frequentemente acaba diante das causas que determinam esse temor ou esse desejo. Tanto quem a tema quanto quem a deseje pode estar movido por sentimentos bem diferentes, e são esses sentimentos que influem na situação do Espírito. É

evidente que, por exemplo, naquele que deseja a morte unicamente por que vê nela o fim de suas tribulações, isso representa uma espécie de murmúrio contra a Providência e contra as provas que deva suportar.”

982. Será necessário professar o espiritismo e crer nas manifestações espirituais para assegurar nossa sorte na vida futura?

“Se fosse assim, todos os que não acreditam ou que não tiveram nem a oportunidade de se esclarecer estariam deserdados — o que seria um absurdo. Só o bem garante a sorte vindoura. Ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja o caminho que conduza a ele.” (Ver as questões 165 a 799.) A crença no espiritismo nos ajuda a melhorar a nós mesmos ao fixar as ideias sobre certos pontos do futuro; apressa o avanço dos indivíduos e das massas, porque permite que se dê conta do que nós seremos um dia; é um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O espiritismo nos ensina a suportarmos as provas com paciência e resignação; ele afasta os atos que possam retardar a felicidade futura; é assim que ele contribui para essa felicidade, mas não diz que sem ele não se possa alcançá-la.

Sofrimentos temporários

983. Não é verdade que o Espírito que expia suas faltas numa nova existência tem sofrimentos materiais? Então, seria correto dizer que depois da morte só existe para a alma sofrimentos morais?

“É bem verdade que quando a alma está reencarnada as tribulações da vida são para ela um sofrimento; mas só o corpo sofre materialmente.

“Normalmente vocês dizem de alguém que está morto que ele não tem mais o que sofrer, mas isso nem sempre é verdade. Como Espírito ele não tem mais dores físicas, porém, de acordo com as faltas que tenha cometido, ele

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pode estar sujeito a dores morais mais agudas e talvez ainda mais infeliz numa nova existência. O rico mau terá que pedir esmola e sofrerá todas as privações próprias da miséria; o orgulhoso, terá todas as humilhações; aquele que abusa de sua autoridade e trata os seus subordinados com desprezo e dureza se verá forçado a obedecer a um patrão mais duro do que ele foi.

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