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Ao encarnar, o Espírito traz certas predisposições, e ao admitirmos para cada uma um órgão correspondente no cérebro, o desenvolvimento desses órgãos será um efeito e não uma causa. Se as faculdades tivessem seu princípio nos órgãos, o indivíduo seria uma máquina sem livre-arbítrio e sem responsabilidade por seus atos. Seríamos obrigados a admitir que os maiores gênios, os sábios, os poetas e os artistas não são gênios já que o acaso lhes deu órgãos especiais, donde se seguiria que, sem esses órgãos, eles não teriam sido talentosos e que o último dos imbecis poderia ter sido um Isaac Newton35, um Virgílio36, ou um Rafael37, se ele fosse provido de certos órgãos; suposição ainda mais absurda quando a aplicarmos às 35 Isaac Newton (1642-1727): célebre cientista inglês. — N. T.

36 Virgílio (71 a 19 a. C.): o grande poeta latino, autor do clássico Eneida — N. T.

37 Rafael Sanzio (1483-1520): renomado pintor, escultor e arquiteto italiano. — N. T.

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qualidades morais. Assim, segundo esse sistema, são Vicente de Paulo, dotado pela natureza desse ou daquele órgão poderia ser um celerado, e não faltaria ao maior dos celerados mais do que um determinado órgão para ser um são Vicente de Paulo. Admitam, ao contrário, que os órgãos especiais — tanto quanto eles existam

— são consequentes, que se desenvolvem pelo exercício da faculdade, como os músculos se desenvolvem pelo movimento, e nada terão de irracional. Façamos uma comparação trivial à força da verdade: por alguns sinais fisionômicos vocês reconhecem o homem viciado na bebida; serão esses sinais que fazem dele um ébrio, ou será a ebriedade que faz nascer nele tais sinais? Podemos dizer que os órgãos recebem a marca das faculdades.

Deficiência mental, loucura

371. A opinião segundo a qual as pessoas com deficiência mental38 têm uma alma de uma natureza inferior tem algum fundamento?

“Nenhum fundamento. Eles têm uma alma humana, às vezes mais inteligentes do que vocês supõem, mas que sofrem da insuficiência dos meios que tem para se comunicar, como o mudo sofre por não poder falar.”

372. Qual o objetivo da Providência ao criar seres infelizes como as pessoas com deficiência mental?

“São Espíritos em punição que habitam corpos de pessoas com deficiência mental. Esses Espíritos sofrem pelo constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou defeituosos.”

372-a. — Então não é certo dizer que os órgãos não têm influência sobre as capacidades?

“Nunca dissemos que os órgãos não têm influência; eles têm uma 38 “Pessoas com deficiência mental” aqui substitui os termos no texto original les idiots (os idiotas) e les crétins (os cretinos) que eram tecnicamente usados para designar os portadores de deformações cerebrais e neurológicas que caracterizam tais patologias do tipo oligofrenia (déficit de inteligência), termos esses que depois ganharam uma conotação pejorativa e, aliás, muito inadequadas, razão pela qual nossa tradução se abstém de usá-los. — N. T.

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influência muito grande sobre a manifestação das faculdades, porém não produzem as faculdades. Aqui está a diferença. Um bom músico com um instrumento defeituoso não produzirá boa música, mas ele não deixa de ser bom músico.”

É preciso distinguir o estado normal do estado patológico. No estado normal, o moral supera o obstáculo que a matéria lhe opõe, mas há casos em que a matéria oferece tal resistência que as manifestações ficam entravadas ou desnaturadas, como nos casos de deficiência mental e de loucura. Esses são casos patológicos e, como nesse estado a alma não goza de toda a sua liberdade, a própria lei humana a isenta da responsabilidade de seus atos.

373. Qual pode ser o mérito da existência para os seres que, como as pessoas com deficiência mental, não podendo fazer nem o bem nem o mal, não conseguem progredir?

“É uma expiação imposta ao abuso que puderam fazer de certas faculdades; é um tempo de suspensão.”

373-a. — Sendo assim, o corpo de uma pessoa com deficiência mental pode conter um Espírito que tenha animado um homem sábio numa existência passada?

“Certamente. Às vezes, a genialidade se torna um flagelo quando alguém abusa dela.”

A superioridade moral nem sempre está na proporção da superioridade intelectual e os maiores gênios podem ter muito que expiar. Daí, frequentemente, lhes resulta uma existência inferior à que já tiveram e uma causa de sofrimentos.

Os entraves que o Espírito prova nessas manifestações são para ele como as algemas que comprimem os movimentos de um homem vigoroso. Podemos dizer que os indivíduos com deficiência mental são estropiados pelo cérebro, como o coxo o é pelas pernas e o cego é pelos olhos.

374. Na condição de Espírito, o indivíduo com deficiência tem consciência do seu estado mental?

“Sim, muito frequentemente; ele compreende que as amarras que entravam sua ascensão são uma prova e uma expiação.”

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375. Qual é a situação do Espírito na loucura?

“O Espírito, no estado de liberdade, recebe diretamente suas impressões e exerce diretamente sua ação sobre a matéria; quando encarnado, porém, ele se encontra em condições muito diferentes e na necessidade de só o fazer com o auxílio de órgãos especiais. Se uma parte ou o conjunto de tais órgãos for alterado, suas ações ou suas impressões — no que concerne a esses órgãos —

ficam interrompidas. Se perde os olhos, fica cego; sem o ouvido, torna-se surdo etc. Imagine agora que o órgão que preside os efeitos da inteligência e da vontade seja parcial ou inteiramente danificado ou modificado, e será fácil para você compreender que o Espírito — não tendo mais a seu serviço senão órgãos incompletos ou desnaturados — deve passar por uma perturbação da qual o Espírito, por si mesmo e no seu foro íntimo, tem perfeita consciência, mas ele não é capaz de deter o curso dessa perturbação.”

375-a. — Então, é sempre o corpo e não o Espírito que é desorganizado?

“Exatamente, mas é preciso não perder de vista que, assim como o Espírito atua sobre a matéria, também esta reage sobre ele, dentro de certos limites, e que o Espírito pode se achar momentaneamente afetado pela alteração dos órgãos pelos quais ele se manifesta e recebe suas impressões. Pode acontecer que, a longo prazo, quando a loucura tiver durado muito tempo, a repetição dos mesmos atos acabe por exercer sobre o Espírito uma influência da qual ele não se libertará senão depois de sua completa separação de toda impressão material.”

376. Por que a loucura algumas vezes leva alguém ao suicídio?

“O Espírito sofre do constrangimento que experimenta e da impossibilidade em que se acha para se manifestar livremente, por isso procura na morte um meio de quebrar suas amarras.”

377. Depois da morte, o Espírito do alienado sente o desarranjo de suas faculdades?

“Pode se ressentir por algum tempo após a morte, até que esteja completamente desligado da matéria, como o indivíduo que desperta se ressente por algum tempo da perturbação em que o sono lhe mergulhou.”

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378. Como a alteração do cérebro pode reagir sobre o Espírito após a morte?

“Como uma recordação. Um peso aflige o Espírito e, como ele não teve a compreensão de tudo o que se passou durante sua loucura, sempre requer um certo tempo para ele voltar ao normal. É por isso que quanto mais durar a loucura durante a vida, tanto mais durará o embaraço e o constrangimento depois da morte. Livre do corpo, o Espírito se ressente por algum tempo do efeito das suas amarras.”

A infância

379. O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?

“Pode até ser mais, se ele tiver progredido mais; a questão é que os órgãos imperfeitos o impedem de se manifestar. Ele age em razão do instrumento pelo qual pode se manifestar.”

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