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“São Espíritos antipáticos que se percebem e se reconhecem, sem se falarem.”

390. A antipatia instintiva sempre é um sinal de natureza má?

“Dois Espíritos não são necessariamente maus só porque não sejam simpáticos; a antipatia pode brotar de uma falta de semelhança no pensamento, mas na proporção em que eles se elevam essas diferenças diminuem e a antipatia desaparece.”

391. A antipatia entre duas pessoas nasce primeiramente naquele que tem o Espírito pior ou naquele que tem o Espírito melhor?

“Tanto num como no outro, porém as causas e os efeitos são diferentes.

Um Espírito mal tem antipatia contra qualquer um que o possa julgar e desmascará-lo; ao ver uma pessoa pela primeira vez, ele logo sabe que vai ser desaprovado; seu afastamento se transforma em ódio, em inveja e lhe inspira o desejo de fazer o mal. O bom Espírito sente repulsão pelo mau, por saber que este não o compreenderá e que eles não trazem os mesmos sentimentos.

Entretanto, consciente da sua superioridade, não alimenta ódio nem inveja contra o outro; limita-se a evitá-lo e a lamentar por aquele outro.”

Esquecimento do passado

392. Por que o Espírito encarnado perde a lembrança do seu passado?

“O homem não pode e nem deve saber tudo. Deus, em sua sabedoria, quer que seja assim. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria ofuscado, como aquele que passa sem transição da escuridão para a claridade.

Pelo esquecimento do passado ele é mais senhor de si mesmo.”

393. Como o homem pode ser responsável pelos atos e resgatar faltas de que ele não tem lembrança? Como pode aproveitar a experiência adquiridas em

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existências caídas no esquecimento? Poderíamos imaginar que as tribulações da vida lhe servissem de lição se ele recordasse daquilo que as tenha ocasionado, mas desde que não se recorda, cada existência para ele é como se fosse a primeira e eis que então está sempre a recomeçar. Como conciliar isto com a justiça de Deus?

“A cada nova existência, o homem tem mais inteligência e pode distinguir melhor o bem e o mal. Onde estaria o mérito se ele recordasse todo o passado? Quando o Espírito volta à sua vida principal (a vida espírita) toda a sua vida passada se desenrola diante de si; ele vê as faltas que cometeu e que são a causa do seu sofrimento, e aquilo que poderia tê-lo impedido de cometer essas faltas; ele reconhece que a situação em que se acha é justa e então busca a existência que poderia reparar aquela que acaba de transcorrer.

Escolhe as provas semelhantes àquelas pelas quais passou, ou as lutas que considera apropriadas ao seu adiantamento, e pede aos Espíritos que lhe são superiores que o ajudem nessa nova empreitada que ele encara, pois sabe que o Espírito que lhe for dado por guia nessa outra existência se esforçará para fazê-lo reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição daquelas que tenha cometido. Essa mesma intuição é o pensamento, o desejo criminoso que frequentemente vem a vocês, e ao qual vocês instintivamente resistem, muitas vezes atribuindo essa resistência aos princípios que receberam de seus pais, quando é a voz da consciência que lhes fala, e essa voz é a recordação do passado, voz que lhes adverte para que não caiam nas faltas que já cometeram. Tendo entrado nessa nova existência, se o Espírito passa por essas provações com coragem e resiste, ele se eleva e sobe na hierarquia dos Espíritos, quando voltar para o meio deles.”

Se, durante a vida corpórea, não temos uma lembrança precisa do que fomos e do que fizemos, de bom ou de mau, nas anteriores existências, temos a intuição de tudo isso, e as nossas tendências instintivas são uma reminiscência do nosso passado, as quais nossa consciência — que é o desejo que experimentamos de não cometer as mesmas faltas — nos estimula a resistir.

394. Nos mundos mais avançados que o nosso, onde não se sofre de todas as necessidades físicas e de nossas enfermidades, as pessoas compreendem que

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são mais felizes do que nós? A felicidade em geral é relativa; nós a sentimos por comparação com um estado menos feliz. Como em definitivo alguns desses mundos — embora melhores do que o nosso — não estão no estado de perfeição, seus habitantes devem ter motivos de desgostos, do jeito deles.

Entre nós, o rico — que não sofre as angústias das necessidades materiais como o pobre — nem por isso tem menos tribulações que tornam a sua vida amarga. Pergunto então, na situação deles, os habitantes desses mundos não se consideram tão infelizes quanto nós e não se lastimam da sua sorte, sem a lembrança de uma existência inferior para servir de comparação?

“A isso é preciso considerar duas respostas diferentes. Há mundos entre os que foram citados, cujos habitantes guardam uma lembrança muito nítida e exata de suas existências passadas; estes, vocês compreendem, podem e sabem apreciar a felicidade de que Deus lhes permite saborear; mas há outros cujos habitantes, achando-se — como disse — em melhores condições do que vocês, não deixam de experimentar grandes desgostos, até mesmo desgraças; estes não apreciam a sua felicidade pela razão mesma de eles não recordarem um estado ainda mais infeliz. Mas se não a apreciam como homens, apreciam como Espíritos.”

No esquecimento das existências anteriormente, sobretudo quando foram amarguradas, não há qualquer coisa de providencial e que revela a sabedoria divina? É nos mundos superiores — onde a recordação das existências infelizes já não é mais do que um sonho ruim — que elas se apresentam à memória. Nos mundos inferiores, os infortúnios presentes não seriam agravados pela lembrança de todas as vidas que se tenham sofrido? Vamos concluir daí que tudo o que Deus fez é perfeito e que não nos cabe criticar suas obras, nem dizer como ele deveria ter regulado o Universo.

A reminiscência das nossas individualidades anteriores teria gravíssimas inconveniências; em certos casos, muito nos humilharíamos, e em outros, exaltaria nosso orgulho e como consequência dificultaria nosso livre-arbítrio. Para nos melhorarmos, Deus nos dá exatamente o que nos é necessário e nos é suficiente: a voz da consciência e os pendores instintivos; ele nos priva do que nos prejudicaria.

Acrescentemos ainda que se tivéssemos a recordação dos nossos atos pessoais precedentes, igualmente nos recordaríamos dos atos dos outros, e que esse

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conhecimento poderia ter os mais desastrosos efeitos para as relações sociais. Nem sempre podendo nos orgulhar do nosso passado, muitas vezes é melhor que um véu seja lançado sobre ele. Isto concorda perfeitamente com a doutrina dos Espíritos quanto aos mundos superiores ao nosso. Nesses mundos, onde só reina o bem, a lembrança do passado nada tem de penosa; eis por que seus habitantes se lembram da sua existência precedente como nós nos lembramos do que fizemos ontem. Quanto à estadia que podemos ter em mundos inferiores, como já dissemos, não passa então de sonho ruim.

395. Podemos ter algumas revelações sobre nossas existências anteriores?

“Nem sempre, contudo muitos sabem o que eles foram e o que faziam; se lhes fosse permitido dizer abertamente, fariam extraordinárias revelações sobre o passado.”

396. Algumas pessoas acreditam ter uma vaga recordação de um passado desconhecido que se apresenta a elas como a imagem fugitiva de um sonho, de que em vão se tenta lembrar. Essa ideia não seria apenas uma ilusão?

“Algumas vezes é real, mas frequentemente também não passa de uma mera ilusão contra a qual o homem precisa se colocar em guarda, pois isso pode ser efeito de uma imaginação superexcitada.”

397. Nas existências corpóreas de uma natureza mais elevada do que a nossa, a lembrança das existências anteriores é mais precisa?

“Sim, à medida que o corpo é menos material, recorda-se melhor. A recordação do passado é mais clara para aqueles que habitam os mundos de uma ordem superior.”

398. Sendo as tendências instintivas uma reminiscência do seu passado, será que, pelo estudo desses pendores, seria possível o homem conhecer as faltas que cometeu?

“Sem dúvida, até um certo ponto. Porém, é preciso levar em conta o melhoramento que pôde se operar no Espírito, e as resoluções que ele tenha tomado no estado errante. A existência atual pode ser muito melhor do que a derradeira.”

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398-a. — Poderá também ser pior, quer dizer, a pessoa pode cometer numa existência as faltas que não praticou na existência precedente?

“Depende do seu adiantamento. Se não soube resistir às provações, a pessoa pode ser arrastada a novas faltas que são a consequência da posição que tenha escolhido. Mas, em geral, essas faltas significam mais um estacionamento do que um retrocesso, visto que o Espírito pode avançar ou parar, mas não recuar.”

399. Sendo as vicissitudes da vida corporal ao mesmo tempo expiação dos erros passados e provações para o futuro, será que da natureza de tais vicissitudes podemos deduzir o gênero da existência anterior?

“Muito comumente isso é possível, porque cada qual é punido por aquilo que pecou. Entretanto, isso não deve ser uma regra absoluta; as tendências instintivas são uma indicação mais segura, pois as provas pelas quais o Espírito passa são tanto pelo futuro quanto pelo passado.”

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