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520. Os Espíritos protetores dos povos são de uma natureza mais elevada do que aqueles que se ligam aos indivíduos?

“Tudo é relativo ao grau de adiantamento, tanto dos povos como dos indivíduos.”

521. Certos Espíritos podem auxiliar o progresso das artes protegendo aqueles que delas se ocupam?

“Há Espíritos protetores especiais e que auxiliam aqueles que os invocam, quando eles os julgam dignos dessa assistência. Mas, o que querem

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que eles façam com os que acreditam ser o que não são? Eles não podem fazer os cegos verem nem os surdos escutarem.”

Os antigos fizeram desses Espíritos divindades especiais; as Musas não eram outras senão a personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como designavam sob o nome de lares e penates48 os Espíritos protetores da família. Entre os modernos, as artes, as diferentes indústrias, as cidades e os continentes também têm seus patronos protetores, que não são outros senão Espíritos superiores, mas sob outros nomes.

Como cada homem tem seus Espíritos simpáticos, disso resulta que em todas as coletividades a generalidade dos Espíritos simpáticos está em sintonia com a generalidade dos indivíduos; que os Espíritos estranhos são atraídos a elas pela identidade dos gostos e dos pensamentos; numa palavra, que essas reuniões —

assim também como os indivíduos — são mais ou menos bem envolvidas, assistidas e influenciadas conforme a natureza dos pensamentos da multidão.

Entre os povos, as causas de atração dos Espíritos são os costumes, os hábitos, o caráter dominante e sobretudo as leis, porque o caráter de uma nação se reflete em suas leis. Os homens que fazem reinar a justiça entre si combatem a influência dos maus Espíritos. Onde quer que as leis consagrem coisas injustas, contrárias à humanidade, os bons Espíritos estão em minoria e a massa dos maus que predomina mantém a nação nas suas ideias e paralisa as boas influências parciais perdidas na multidão, como uma espiga isolada no meio dos espinheiros.

Ao estudar os costumes dos povos ou de qualquer reunião de homens, é fácil, portanto, fazer uma ideia da população oculta que se infiltra em seus pensamentos e em suas ações.

Pressentimentos

522. O pressentimento é sempre um aviso do Espírito protetor?

“O pressentimento é o conselho íntimo e oculto de um Espírito que lhes quer bem. Também está na intuição da escolha que se tenha feito; é a voz do instinto. Antes de encarnar, o Espírito tem conhecimento das fases principais 48 Referência aos deuses Lares e Penates da mitologia romana, devotados especialmente a proteger a casa e sua família. — N. T.

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de sua existência, isto é, do gênero das provas nas quais se envolve; quando estas têm um caráter saliente, ele conserva no seu foro íntimo uma espécie de impressão de tais provas e esta impressão, que é a voz do instinto, revelando-se quando o momento se aproxima, torna-se um pressentimento.”

523. Os pressentimentos e a voz do instinto sempre têm alguma coisa de vago; o que devemos fazer na incerteza?

“Quando estiver na dúvida, invoque teu bom Espírito, ou ore ao nosso

mestre supremo, Deus, que ele te enviará um de seus mensageiros, um de

nós.”

524. As advertências de nossos Espíritos protetores têm como único objetivo a conduta moral, ou também a conduta a ser seguida nas coisas da vida privada?

“Tudo. Eles tentam fazer vocês viverem o melhor possível, mas quase sempre vocês tapam os ouvidos às boas admoestações e se tornam infelizes por vossa própria falha.”

Os Espíritos protetores nos ajudam com seus conselhos mediante a voz da consciência que eles fazem ressoar em nós, mas como nem sempre lhes damos a devida importância, eles nos dão outros conselhos mais diretos, servindo-se de pessoas que nos cercam. Que cada um examine as diversas circunstâncias felizes ou infelizes de sua vida e verá que em tantas ocasiões tem recebido conselhos de que se não aproveitou e que lhe teriam poupado muitos desgostos se os tivessem escutado.

Influência dos Espíritos sobre os acontecimentos da vida 525. Os Espíritos exercem influência sobre os acontecimentos da vida?

“Seguramente, pois eles te aconselham.”

525-a. — Eles exercem essa influência por outra forma que não apenas pelos pensamentos que eles sugerem, isto é, eles têm uma ação direta

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sobre a realização das coisas?

“Sim, mas eles nunca agem fora das leis da natureza.”

Imaginamos erradamente que a ação dos Espíritos não deva se manifestar senão apenas por fenômenos extraordinários; desejaríamos que eles viessem nos ajudar por meio de milagres, e os representamos sempre armados de uma varinha mágica. Mas não é assim. Eis por que sua intervenção nos parece oculta e aquilo que se faz com o auxílio deles nos parece todo natural. Assim, por exemplo, eles provocarão o encontro de duas pessoas que irão parecer encontrar-se por acaso;

inspirando a alguém a ideia de passar por determinado lugar; chamando sua atenção sobre certa coisa, então isso deve levar ao resultado que eles queiram obter, de tal modo que o homem, acreditando que segue apenas seu próprio impulso, conserva sempre o seu livre-arbítrio.

526. Como os Espíritos têm uma ação sobre a matéria, podem eles provocar certos efeitos com o objetivo de realizar determinado acontecimento? Por exemplo, um homem deve morrer: ele sobe uma escada, a escada se quebra e o homem é morto. Foram os Espíritos que quebraram a escada para cumprir o destino daquele homem?

“É bem verdade que os Espíritos têm uma ação sobre a matéria, mas para o cumprimento das leis da natureza e não para as derrogar fazendo ocorrer em dado momento um evento inesperado e contrário a essas leis. No exemplo citado, a escada se quebrou porque estava gasta, ou não era forte o bastante para suportar o peso do homem; se era o destino desse homem perecer daquela forma, os Espíritos lhe inspirariam a ideia de subir naquela escada que deveria se romper com o seu peso, e sua morte se daria por um efeito natural e sem que fosse preciso operar um milagre para isso.”

527. Tomemos outro exemplo, em que o estado natural da matéria nada tivesse a ver com o caso: um homem deve perecer por um raio; ele se refugia debaixo de uma árvore, um raio cai e ele é morto. Os Espíritos poderiam ter provocado o raio e o direcionar para aquele homem?

“É ainda a mesma coisa. O raio caiu sobre aquela árvore e naquele momento porque estava nas leis da natureza que assim fosse; o raio não foi

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direcionado para a árvore porque o homem estava debaixo dela, mas este é que foi inspirado a pensar em se refugiar debaixo de uma árvore sobre a qual o raio deveria cair, pois a árvore não deixaria de ser atingida — quer o homem estivesse ou não debaixo dela.”

528. Um homem mal-intencionado dispara contra alguém um tiro, que passa de raspão e não o atinge: poderia um Espírito bondoso ter desviado o projétil?

“Se o indivíduo não deve ser atingido, o Espírito bondoso lhe inspirará a ideia de se desviar, ou então poderá atrapalhar seu inimigo, de modo a fazê-lo mirar mal, pois, uma vez disparado, o tiro segue a linha que deve percorrer.”

529. O que devemos pensar das balas encantadas de que falam algumas lendas e que fatalmente atingem o alvo?

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