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Diga-lhe que é um sujeito para um negócio. Um negócio de minas.
Luísa, diante do toucador, já de chapéu, metia numa casa do corpete dois botões de rosa-chá.
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Um negócio! — disse muito surpreendida. — Deve ser algum recado para o Sr. Jorge, decerto! Mande entrar. Que espécie de homem é?
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Um janota!
Luísa desceu o véu branco, calçou devagar as luvas de peau de suède claras, deu duas pancadinhas fofas ao espelho na gravata de renda, e abriu a porta da sala. Mas quase recuou; fez "ah!" toda escarlate. Tinha-o reconhecido logo.
Era o primo Basílio.
Houve um shake-hands demorado, um pouco trémulo. Estavam ambos calados: — ela com todo o sangue no rosto, um sorriso vago; ele fitando-a muito, com um olhar admirado. Mas as palavras, as perguntas vieram logo, muito precipitadamente: — Quando tinha ele chegado? Se sabia que ele estava em Lisboa? Como soubera a morada dela?
Chegara na véspera no paquete de Bordéus. Perguntara no ministério; disseram-lhe que Jorge estava no Alentejo, deram-lhe a adresse..
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Como tu estás mudada, Santo Deus!
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Velha.
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Bonita!
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Ora!
E ele, que tinha feito? Demorava-se?
Foi abrir uma janela, dar uma luz larga, mais clara. Sentaram-se. Ele no sofá muito languidamente; ela ao pé, pousada de leve à beira de uma poltrona, toda nervosa.
Tinha deixado o "degredo" — disse ele. — Viera respirar um pouco à velha Europa. Estivera em Constantinopla, na Terra Santa, em Roma. O último ano em Paris! — Vinha de lá, daquela aldeola de Paris! — Falava devagar, recostado, com um ar íntimo, estendendo sobre o tapete, comodamente, os seus sapatos de verniz.
Luísa olhava-o. Achava-o mais varonil, mais trigueiro. No cabelo preto anelado havia agora alguns fios brancos; mas o bigode pequeno tinha o antigo ar moço, orgulhoso e intrépido; os olhos quando ria, a mesma doçura amolecida, banhada num fluido. Reparou na ferradura de pérola da sua gravata de cetim preto, nas pequeninas estrelas brancas bordadas nas suas meias de seda. A Bahia não o vulgarizara. Voltava mais interessante!
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Mas tu, conta-me de ti! — dizia ele com um sorriso, inclinado para ela.
— És feliz, tens um pequerrucho...
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Não — exclamou Luísa rindo. — Não tenho! Quem te disse?
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Tinham-me dito. e o teu marido demora-se?
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Três, quatro semanas, creio.
Quatro semanas! Era uma viuvez! Ofereceu-se logo para a vir ver mais vezes, palrar um momento, pela manhã...
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Pudera não! És o único parente que tenho agora. .
Era verdade!. . E a conversa tomou uma intimidade melancólica; falaram da mãe de Luísa, a "tia Jojó", como lhe chamava Basílio. Luísa contou a sua morte muito doce, na poltrona, sem um ai. .
Onde está sepultada? — perguntou Basílio com uma voz grave; e acrescentou puxando o punho da camisa de chita: — Está no nosso jazigo?
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Está.
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