Eu tinha vinte e sete anos — observou ele, curvando-se.
Ficaram calados, um pouco embaraçados. Basílio cofiava o bigode, olhando vagamente em redor.
—
Estás muito bem instalada aqui — disse.
Não estava mal. . A casa era pequena, mas muito cómoda. Pertencia-lhes.
—
Ah! Estás perfeitamente! Quem é esta senhora, com uma luneta de ouro? E indicava o retrato por cima do sofá.
—
A mãe do meu marido.
—
Ah! Vive ainda?
—
Morreu.
—
É o que uma sogra pode fazer de mais amável. .
Bocejou ligeiramente, fitou um momento os seus sapatos muito aguçados, e com um movimento brusco, ergueu-se, tomou o chapéu.
—
Já? Onde estás?
—
No Hotel Central. E até quando?
—
Até quando quiseres. Não disseste que vinhas amanhã com o rosário?
Ele tomou-lhe a mão, curvou-se:
—
Já se não pode dar um beijo na mão de uma velha prima?
—
Por que não?
Pousou-lhe um beijo na mão, muito longo, com uma pressão doce.
—
Adeus! — disse.
E à porta com o reposteiro meio erguido, voltando-se:
—
Sabes, que eu, ao subir as escadas, vinha a perguntar a mim mesmo, como se vai isto passar?
—
Isto quê? Vermo-nos outra vez? Mas, perfeitamente. Que imaginaste tu?
Ele hesitou, sorriu:
—
Imaginei que não eras tão boa rapariga. Adeus. Amanhã, hem?
No fundo da escada acendeu o charuto, devagar.
—