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Bem, adeus — repetiu melancolicamente.

Adeus

Basílio disse então com muita ternura:

Estás zangada?

Não!

Escuta — murmurou, adiantando-se.

Luísa bateu com o pé.

Oh, que homem! Deixa-me! Amanhã. Adeus. Vai-te! Amanhã!

Amanhã! — disse ele, baixinho.

E saiu rapidamente.

Luísa entrou no quarto toda nervosa. E ao passar diante do espelho ficou surpreendida: nunca se vira tão linda! Deu alguns passos calada.

Juliana arrumava roupa branca num gavetão do guarda-vestidos. Quem tocou há bocado? — perguntou Luísa.

Foi o Sr. Sebastião. Não quis entrar; disse que voltava.

Tinha dito, com efeito, que voltava. Mas começava quase a envergonhar-se de vir assim todos os dias, e encontrá-la sempre "com uma visita!"

Logo no primeiro dia ficara muito surpreendido quando Juliana lhe disse:

Um sujeito! Um rapaz novo que já cá esteve ontem!" Quem seria?

todos os amigos da casa. . Seria algum empregado da secretaria ou algum proprietário de minas, o filho do Alonso, talvez; um negócio de Jorge decerto. .

Depois no domingo, à noite, trazia-lhe a partitura de Romeu e Julieta, de Gounod, que ela desejava tanto ouvir, e quando Juliana lhe disse da varanda

que tinha saído com D. Felicidade de carruagem, ficou muito embaraçado com o grosso volume debaixo do braço, coçando devagar a barba. Onde teriam ido? Lembrou-se do entusiasmo de D. Felicidade pelo Teatro de D.

Maria. Mas irem sós, naquele calor de Julho, ao teatro! Enfim, era possível.

Foi a D. Maria.

O teatro, quase vazio, estava lúgubre; aqui e além, nalgum camarote, uma família feia perfilava-se, com cabelos negríssimos carregados de postiços, gozando soturnamente a sua noite de domingo; na plateia, à larga nas bancadas vazias, pessoas avelhadas e inexpressivas escutavam com um ar encalmado e farto, limpando a espaços, com lenços de seda, o suor dos pescoços; na geral, gente de trabalho arregalava olhos negros em faces trigueiras e oleosas; a luz tinha um tom dormente; bocejava-se. E no palco, que representava uma sala de baile amarela, um velhote condecorado falava a uma magrita de cabelos riçados, sem cessar, com o tom diluído de uma água gordurosa e morna que escorre.

Sebastião saiu. Onde estariam? Soube-se na manhã seguinte.— Descia o Moinho de Vento, e um vizinho, o Neto, que subia curvado sob o seu guarda-sol, com o cigarro ao canto do bigode grisalho, deteve-o bruscamente, para lhe dizer:

Ó amigo Sebastião, ouça cá. Vi ontem à noite no Passeio a D. Luísa com um rapaz que eu conheço. Mas de onde conheço eu aquela cara? Quem diabo é?

Sebastião encolheu os ombros.

Um rapaz alto, bonito, com um ar estrangeirado. Eu conheço-o.

Noutro dia vi-o entrar para lá. Você não sabe?

Não sabia.

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