"Unleash your creativity and unlock your potential with MsgBrains.Com - the innovative platform for nurturing your intellect." » Portuguese Books » 🧾🧾"O Livro dos Espíritos" Allan Kardec

Add to favorite 🧾🧾"O Livro dos Espíritos" Allan Kardec

Select the language in which you want the text you are reading to be translated, then select the words you don't know with the cursor to get the translation above the selected word!




Go to page:
Text Size:

semelhança que existe no caráter distintivo de cada povo. Tu pensas que Espíritos bons e humanitários procuram um povo rude e grosseiro? Não; os Espíritos se simpatizam com as coletividades como se simpatizam com os indivíduos; lá eles estão no seu próprio meio.”

216. Em suas novas existências, o indivíduo conserva os traços do caráter moral de suas existências anteriores?

“Isso pode acontecer sim, mas em se melhorando, ele muda. Sua posição social também pode não ser mais a mesma; se de senhor ele passa a escravo, os seus gostos serão inteiramente diferentes e vocês dificilmente poderiam reconhecê-lo. O Espírito sendo o mesmo nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter, de uma para outra, certas semelhanças, por vezes modificadas pelos hábitos da sua nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha a mudar completamente o seu caráter, porque, de orgulhoso e mau, ele pode se tornar humilde e humanista, caso se arrependa.”

217. O indivíduo, nas suas diferentes encarnações, conserva traços físicos das existências posteriores?

“O corpo é destruído e o novo não tem nenhuma relação com o anterior.

Entretanto, o Espírito se reflete no corpo. Decerto que o corpo não é mais do que matéria, mas apesar disso ele é modelado pelas qualidades do Espírito que lhe imprime uma certa característica, sobretudo no semblante, e é com razão que se designa os olhos como o espelho da alma, isto é, que mais particularmente o semblante reflete a alma, pois uma pessoa excessivamente feia tem porém qualquer coisa que agrada quando está revestida de um Espírito bom, sábio, humanitário, ao passo que há fisionomias belíssimas que não te agradam em nada, pelas quais tu tens até mesmo repulsão. Tu poderias supor que não haja mais do que corpos bem moldados que sejam o envoltório aos Espíritos mais perfeitos, ao passo que todos os dias tu encontras homens de bem sob um exterior deformado. Sem ter nenhuma parecença destacada, a semelhança dos gostos e das inclinações pode então dar aquilo que chamamos um ar familiar.”

Como o corpo que reveste a alma numa nova encarnação não tem nenhuma

145 – O Livro dos Espíritos

relação necessária com aquele corpo que ela deixou, já que a alma pode obtê-lo de uma fonte totalmente diferente, seria absurdo concluir uma série de existências de uma semelhança que é só fortuita. Todavia, as qualidades do Espírito frequentemente modificam os órgãos que lhe servem para suas manifestações e lhe imprimem no semblante e até no conjunto de suas maneiras um cunho particular.

É assim que, sob um envoltório dos mais humildes podemos encontrar a expressão da grandeza e da dignidade, enquanto sob uma vestimenta de grande nobreza se vê algumas vezes a da baixeza e da ignomínia. Certas pessoas saem da posição mais insignificante adquirindo sem esforços os hábitos e as maneiras da alta sociedade; parece que elas aí reencontram seu elemento, enquanto outros, apesar do seu nascimento e da sua educação, sempre se mostram deslocadas em tal meio. Como explicar esse fato senão como um reflexo daquilo que o Espírito era?

Ideias inatas

218. O Espírito encarnado não conserva nenhum traço das percepções que ele teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores?

“Ele conserva uma vaga lembrança que lhe dá o que chamamos de ideias inatas.”

218-a. — A teoria das ideias inatas então não é ilusória?

“Não, os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem mais; ao se libertar da matéria, o Espírito sempre recobra essas lembranças. Durante a encarnação, ele pode esquecê-las em parte, momentaneamente, porém a intuição que conserva delas auxilia o seu adiantamento. Sem isso, seria continuamente recomeçar. Em cada nova existência o Espírito toma seu ponto de partida de onde estava na existência precedente.”

218-b. — Assim sendo, há uma grande conexão entre duas existências sucessivas?

“Nem sempre tão grande quanto talvez tu suponhas, dado que muitas vezes as posições são bem diferentes e no intervalo entre essas existências o Espírito pode ter progredido.” (Ver questão 216.)

146 – Allan Kardec

219. Qual é a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como idiomas, cálculo etc.?

“Recordação do passado; progresso anterior da alma, mas do qual ela não tem consciência. De onde querem que venham tais conhecimentos? O

corpo muda, porém o Espírito não, embora troque de roupagem.”

220. Mudando de corpo, o Espírito pode perder algumas faculdades intelectuais, por exemplo, deixar de ter o gosto pelas artes?

“Sim, se tiver corrompido essa inteligência ou se a utilizou mal. Ademais, certa faculdade pode permanecer adormecida durante uma existência, porque o Espírito pode querer exercitar outra que não tenha nenhuma relação com aquela; então esta capacidade fica em estado latente para reaparecer mais tarde.”

221. Deve-se a uma lembrança do passado o sentimento instintivo que, mesmo no estado de selvagem, o homem possui da existência de Deus e o pressentimento da vida futura?

“É uma lembrança que ele conserva do que sabia como Espírito antes de estar encarnado, mas o orgulho às vezes abafa esse sentimento.”

221-a. — É a essa mesma lembrança que se devem certas crenças referentes à doutrina espírita, e que se observam entre todos os povos?

“Esta doutrina é tão antiga quanto o mundo; tal é o motivo pelo qual a encontramos em toda parte, e o que é uma prova de que ela é verdadeira. Conservando a intuição do seu estado espiritual, o Espírito encarnado tem consciência instintiva do mundo invisível, contudo, não raro ela é falseada pelos preconceitos, e a ignorância mistura a ela a superstição.”

147 – O Livro dos Espíritos

CAPÍTULO V

CONSIDERAÇÕES SOBRE A

PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

222. Certas pessoas dizem que o dogma da reencarnação não é novo, que foi ressuscitada de Pitágoras21. Nunca dissemos que a doutrina espírita fosse uma invenção moderna; sendo uma lei da natureza, o espiritismo deve ter existido desde a origem dos tempos e nós sempre nos esforçamos para provar que encontramos traços dele na mais alta antiguidade. Pitágoras, como se sabe, não foi o autor do sistema da metempsicose22; ele o colheu dos filósofos indianos e egípcios, entre os quais ela existia desde tempos imemoriais.

Portanto, a ideia da transmigração das almas era uma crença popular, admitida pelos homens mais eminentes. De que modo eles a adquiriram? Por revelação ou por intuição? — Não sabemos. Contudo, seja como for, uma ideia não atravessa os tempos nem é aceita pelas inteligências da elite se não contiver algo de sério. Assim, a antiguidade desta doutrina seria mais uma prova do que uma objeção. Todavia, como se sabe também, entre a metempsicose dos antigos e a moderna doutrina da reencarnação há essa profunda diferença que os Espíritos rejeitam da maneira mais absoluta: a transmigração do homem nos animais e reciprocamente.

21 Pitágoras de Samos (570 a.C. – 495 a.C.) foi um filósofo e matemático grego que também originou uma espécie de seita chamada pitagorismo que, segundo a tradição, continha elementos religiosos, esotéricos e ocultistas baseados nos supostos aprendizados que ele colhera em suas alegadas viagens ao estrangeiro (especialmente Egito, Pérsia, Babilônia e Índia) dentre esses aprendizados o da reencarnação e metempsicose. — N. T.

22 Metempsicose: ideia de que, no ciclo das reencarnações, a alma (ou Espírito) que outrora animava um corpo humano pode encarnar num corpo animal (neste caso, por um carma negativo, expiação) e vice-versa. — N. T.

148 – Allan Kardec

Ao ensinar o dogma da pluralidade das existências corporais, os Espíritos renovam então uma doutrina que teve origem nas primeiras idades do mundo e que se conservou até os nossos dias no pensamento íntimo de muitas pessoas. Eles simplesmente a apresentam de um ponto de vista mais racional, mais de acordo com as leis progressivas da natureza e mais em harmonia com a sabedoria do Criador, depurando-a de todos os acessórios da superstição. Uma circunstância digna de nota é que não é apenas neste livro que os Espíritos a ensinaram nesses últimos tempos: já antes da sua publicação, numerosas comunicações da mesma natureza foram obtidas em diversos países e depois se multiplicaram consideravelmente. Talvez fosse aqui o caso de examinarmos por que nem todos os Espíritos parecem de acordo sobre esta questão, mas voltaremos a este assunto mais tarde.

Examinemos a coisa por outro ponto de vista e fazendo abstração de toda a intervenção dos Espíritos; deixemos isso de lado por um instante: suponhamos que essa teoria não tenha sido deles; vamos supor até mesmo que jamais tenha havido questão de Espíritos. Vamos então nos colocar momentaneamente num terreno neutro, admitindo no mesmo grau de probabilidade ambas as hipóteses, a saber: a pluralidade e a unicidade das existências corpóreas, e vejamos para que lado nos levará a razão e o nosso próprio interesse.

Certas pessoas repulsam a ideia da reencarnação pelo único motivo que ela não lhes convém, dizendo que já lhes basta uma existência e que elas não desejariam recomeçar outra parecida. Sabemos de alguns que só a ideia de voltar à Terra já os faz saltar de fúria. Nós não temos mais do que uma coisa a lhes perguntar: se elas acham que Deus lhes pediu conselhos e consultou seus gostos para regular o Universo. Ora, das duas, uma: ou a reencarnação existe ou não ela existe; se existe, é inútil contrariarem; terão que se submeterem a ela e Deus não lhes pedirá permissão para isso. Parece-nos ouvirmos um doente a dizer: “Já sofri bastante hoje, não quero sofrer mais amanhã”. Por pior que seja o seu humor, não terá que sofrer menos no dia seguinte nem nos que se sucederem, até que esteja curado. Por isso, se eles devem viver corporalmente de novo, tornarão a viver, eles reencarnarão. Não adiantará nada se revoltarem como uma criança que não quer ir para a escola, ou como

149 – O Livro dos Espíritos

Are sens

Copyright 2023-2059 MsgBrains.Com