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Essas questões poderiam ser multiplicadas ao infinito, pois os problemas psicológicos e morais que não encontram solução exceto na pluralidade das existências são inúmeros; nós nos limitamos às questões mais comuns. Seja como for — alegarão talvez —, a doutrina da reencarnação não é admitida pela Igreja, portanto isso seria a subversão da religião. Nosso intuito não é o de tratar dessa questão neste momento; para nós, basta termos demonstrado que aquela doutrina é eminentemente moral e racional. Ora, o que é moral e racional não pode ser contrário a uma religião que proclama Deus como a bondade e a razão por excelência. O que teria sido da religião se, contra a opinião universal e o testemunho da ciência, ela tivesse se endurecido contra a evidência e tivesse rejeitado de seu seio todos os que não tivessem acreditado no movimento do Sol ou acreditado nos seis dias da criação? Que crédito teria merecido e que autoridade teria tido entre as pessoas cultas uma religião fundada em erros manifestos dados como artigos de fé? Quando a evidência foi demonstrada, a Igreja sabiamente se colocou ao lado da evidência. Se está provado que certas coisas existentes seriam impossíveis

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sem a reencarnação, se certos pontos do dogma não podem ser explicados a não ser por esse meio, é preciso mesmo admiti-lo e reconhecer que o antagonismo dessa doutrina e desses dogmas é apenas aparente. Mais adiante nós mostraremos que a religião talvez esteja menos distante dessa doutrina do que se pensa, e que ela não sofreria mais com isso do que sofreu com a descoberta do movimento da Terra e dos períodos geológicos, que, à primeira vista, pareciam desmentir os textos sagrados. Aliás, o princípio da reencarnação ressalta de várias passagens das Escrituras e se encontra particularmente formulado de uma maneira explícita no Evangelho:

“Quando eles desciam da montanha (depois da transfiguração), Jesus fez esta recomendação e lhes disse: Não falem a ninguém do que acabaram de ver, até que o filho do homem tenha ressuscitado dentre os mortos. Seus discípulos então o interrogaram: Por que os escribas dizem ser preciso que Elias venha primeiro? E Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias há de vir e que restabelecerá todas as coisas. Mas eu vos declaro que Elias já veio, e eles não o reconheceram e o fizeram sofrer como bem entenderam. É assim que eles farão morrer o filho do homem. Então seus discípulos compreenderam que era de João Batista que ele lhes falava.” (São Mateus, cap. 17) Já que João Batista era Elias, então houve reencarnação do Espírito ou da alma de Elias no corpo de João Batista.

De resto, qualquer que seja a opinião que se faça acerca da reencarnação

— que a aceitem ou não a aceitem —, se ela existe, não será menos necessário se submeter a ela, apesar de toda a crença contrária. O ponto essencial é que o ensinamento dos Espíritos é eminentemente cristão; ele se apoia na imortalidade da alma, nas penas e recompensas futuras, na justiça de Deus, no livre-arbítrio do homem e na moral do Cristo. Logo, ele não é antirreligioso.

Como dissemos, temos raciocinado fazendo abstração de qualquer ensinamento espírita que, para certas pessoas, não é uma autoridade. Se nós, e tantos outros, adotamos a opinião da pluralidade das existências, não é somente porque ela veio dos Espíritos para nós, é porque essa doutrina nos pareceu a mais lógica e porque só ela resolve questões até então insolúveis.

Ainda que ela tivesse vindo de um mero mortal, nós a teríamos adotado da

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mesma forma, e não teríamos hesitado mais em renunciar às nossas próprias ideias; a partir do momento em que o erro esteja demonstrado, o orgulho tem mais a perder do que a ganhar em persistir numa ideia falsa. Assim também, nós a teríamos repelido — embora viesse dos Espíritos — se ela nos parecesse contrária à razão, como temos repelido tantas outras; pois, sabemos por experiência que não se deve aceitar cegamente tudo o que venha da parte deles, e menos ainda o que venha da parte dos homens. Portanto, seu primeiro título aos nossos olhos é, antes de tudo, o de ser lógica; ela tem um outro, que é o de ser confirmada pelos fatos, fatos patentes e por assim dizer materiais, que um estudo atento e criterioso pode revelar a qualquer um que se dê ao trabalho de observar com paciência e perseverança, e diante dos quais a dúvida não é mais permitida. Quando esses fatos forem popularizados

— como os da formação e do movimento da Terra —, será preciso se render à evidência, e os seus opositores ficarão com os custos da contradição.

Portanto, em resumo, reconheçamos que unicamente a doutrina da pluralidade das existências explica o que, sem ela, é inexplicável; que ela é altamente consoladora e conforme a mais rigorosa justiça, e que constitui para o homem a âncora de salvação que Deus lhe concedeu em sua misericórdia.

As próprias palavras de Jesus não deixam dúvida a tal respeito. Eis o que se lê no Evangelho segundo são João, capítulo 3:

3. Jesus, respondendo a Nicodemos, disse: Em verdade, em verdade te digo que se um homem não nascer de novo, ele não poderá ver o reino de Deus.

4. Nicodemos lhe disse: Como pode um homem nascer se já está velho?

Poderia ele voltar ao ventre de sua mãe para nascer uma segunda vez?

5. Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se um homem não renascer da água e do Espírito, ele não poderá entrar no reino de Deus. O

que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito. Não se admire por eu lhe haver dito: é necessário que vocês nasçam de novo. (Ver adiante o artigo Ressurreição da carne, item nº 1010).

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CAPÍTULO VI

VIDA ESPÍRITA

Espíritos errantes – Mundos transitórios

– Percepções, sensações e sofrimento dos Espíritos –

Ensaio teórico sobre a sensação nos Espíritos

– Escolha das provas – Relacionamentos no além-túmulo –

Relações simpáticas e antipáticas entre os Espíritos. Metades eternas

– Recordação da existência corpórea –

Comemorações dos mortos. Funerais

Espíritos errantes

223. A alma reencarna imediatamente após sua separação do corpo?

“Algumas vezes reencarna imediatamente, porém mais frequentemente só depois de intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores a reencarnação é quase sempre imediata; a matéria corporal sendo menos grosseira, o Espírito encarnado ali goza de quase todas as suas faculdades espirituais; o estado normal deles é como aquele dos sonâmbulos lúcidos entre vocês.”

224. O que acontece com a alma no intervalo das encarnações?

“Torna-se um Espírito errante que aspira para sua nova destinação, que espera.”

224-a. — Qual pode ser a duração desses intervalos?

“Desde algumas horas até alguns milhares de séculos. Aliás, propriamente falando, não há limite extremo estabelecido para o estado errante, que pode se prolongar muitíssimo, e que, entretanto, nunca é perpétuo; cedo ou tarde o Espírito tem que recomeçar uma existência que serva para a purificação das suas existências precedentes.”

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224-b. — Essa duração depende da vontade do Espírito ou ela pode ser imposta como expiação?

“É uma consequência do livre-arbítrio; os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem. Mas também há aqueles para quem essa duração é uma punição infligida por Deus. Outros pedem para que ela seja prolongada, a fim de continuarem os estudos que só podem ser feitos com proveito na condição de Espírito.”

225. A erraticidade é, por si só, um sinal de inferioridade dos Espíritos?

“Não, pois há Espíritos errantes de todos os níveis. A encarnação é um estado transitório, já o dissemos: no seu estado normal o Espírito está desgarrado da matéria.”

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