581. Os homens que são faróis do gênero humano, que esclarecem com sua genialidade, certamente têm uma missão. Mas entre eles há alguns que se enganam e que, ao lado de grandes verdades, propagam grandes erros. Como devemos considerar a missão deles?
“Como falseadas por eles próprios. Eles estão abaixo da tarefa que empreenderam. Contudo, faz-se necessário levar em conta as circunstâncias.
Os homens de gênio tiveram que falar de acordo com o tempo, e um determinado ensinamento que parecia errôneo ou ingênuo numa época adiantada poderia ser suficiente para o seu século.”
282 – Allan Kardec
582. Podemos considerar a paternidade como uma missão?
“É, sem contradição, uma missão. É ao mesmo tempo um grandíssimo dever e que, mais do que o homem pensa, envolve a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais a fim de que estes o conduzam pela senda do bem, e facilitou a tarefa deles dando à criança um organismo fraco e delicado, que o torna propício a todas as impressões. No entanto, há muitos que se ocupam mais de endireitar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar muitos bons frutos do que de endireitar o caráter do seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa dos pais, estes arcarão com a punição, e os sofrimentos do filho na vida futura recairão sobre eles, por não terem feito o que dependia deles para seu avanço no curso do bem.”
583. Se um filho se transviar, apesar dos cuidados dos seus pais, estes pais serão culpados por isso?
“Não, mas quanto piores forem as disposições do filho, tanto mais pesada será a tarefa e tanto maior será o mérito se os pais conseguirem desviá-lo do caminho errado.”
583-a. — Se um filho se torna um bom sujeito, apesar da negligência ou os maus exemplos de seus pais, estes tiram algum proveito disso?
“Deus é justo.”
584. Qual pode ser a natureza da missão do conquistador que apenas visa satisfazer à sua ambição e que, para alcançar esse objetivo, não hesita diante de nenhuma das calamidades que provoca na sua trajetória?
“Frequentemente ele não passa de um instrumento de que Deus se serve para a concretização de seus desígnios, e essas calamidades muitas vezes consistem num meio de fazer um povo avançar mais rapidamente.”
584-a. — Aquele que é o instrumento dessas calamidades passageiras é estranho ao bem que pode resultar disso, uma vez que só visava um objetivo pessoal; no entanto, ele se aproveitará desse bem?
“Cada um é recompensado conforme suas obras, com o bem que
quis fazer e com a retidão de suas intenções.”
283 – O Livro dos Espíritos
Os Espíritos encarnados têm ocupações inerentes à sua existência corporal.
No estado errante, ou de desmaterialização, essas ocupações são proporcionais ao grau de seu adiantamento.
Uns percorrem os mundos, instruem-se e se preparam para uma nova encarnação.
Outros, mais avançados, se ocupam do progresso dirigindo os acontecimentos e sugerindo pensamentos propícios; auxiliam os homens de gênio que contribuem para o adiantamento da humanidade.
Outros encarnam com uma missão de progresso.
Outros tomam sob sua tutela os indivíduos, as famílias, as reuniões, as cidades e os povos, dos quais são os anjos guardiões, os gênios protetores e os Espíritos familiares.
Outros, enfim, presidem os fenômenos da natureza, de que são os agentes diretos.
Os Espíritos comuns se envolvem com as nossas ocupações e com os nossos divertimentos.
Os Espíritos impuros ou imperfeitos esperam em sofrimentos e angústias o momento em que agradar a Deus lhes conceder os meios de avançar. Se fazem o mal, é por despeito do bem que ainda não podem desfrutar.
284 – Allan Kardec
CAPÍTULO XI
OS TRÊS REINOS
Os minerais e as plantas – Os animais e o homem – Metempsicose
Os minerais e as plantas
585. O que acham da divisão da natureza em três reinos, ou melhor, em duas classes: os seres orgânicos e os seres inorgânicos? Segundo alguns, a espécie humana forma uma quarta classe. Qual dessas divisões é preferível?
“Todas elas são boas; isso depende do ponto de vista. Sob o aspecto material, não há mais do que seres orgânicos e inorgânicos; do ponto de vista moral, há evidentemente quatro graus.”
De fato, esses quatro graus apresentam características determinadas, embora seus limites pareçam se confundir: a matéria inerte, que constitui o reino mineral, só tem em si uma força mecânica; as plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade; os animais, constituídos de matéria inerte e dotados de vitalidade, têm além disso uma espécie de inteligência instintiva, limitada, com a consciência de sua existência e de sua individualidade; o homem, tendo tudo o que há nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial, indefinida, que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extramateriais e o conhecimento de Deus.
586. As plantas têm consciência de sua existência?
“Não, elas não pensam; elas nada têm além da vida orgânica.”
587. As plantas experimentam sensações? Elas sofrem quando são mutiladas?
“As plantas recebem impressões físicas que atuam sobre a matéria, mas não têm percepções. Por consequência, elas não têm o sentimento da dor.”
285 – O Livro dos Espíritos
588. A força que atrai as plantas umas para as outras é independente da vontade delas?
“Sim, pois elas não pensam. É uma força mecânica da matéria que atua sobre a matéria: elas não poderiam se opor a isso.”