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745. O que pensar daquele que suscita a guerra em proveito próprio?

“Este é o verdadeiro culpado, e para ele serão necessárias muitas

existências para expiar todas as mortes de que ele tenha sido responsável, pois ele responderá por cada homem cuja morte tenha causado para satisfazer a sua ambição.”

Assassinato

746. Aos olhos de Deus, o assassinato é um crime?

“Sim, um grande crime, pois que aquele que tira a vida do seu semelhante corta uma vida de expiação ou de missão, e aí é que está o mal.”

747. O assassínio sempre tem o mesmo grau de culpabilidade?

“Já o temos dito: Deus é justo, e julga mais a intenção do que o ato.”

342 – Allan Kardec

748. Deus perdoa o assassinato em caso de legítima defesa?

“Somente a necessidade pode desculpá-lo. Mas, caso se possa preservar a própria vida sem atentar contra a do seu agressor, assim devemos fazer.”

749. O homem é culpável pelos homicídios que comete durante uma guerra?

“Não, quando ele for forçado pelas circunstâncias, mas será culpado pelas crueldades que cometa, ao passo que se levará em conta também a sua indulgência.”

750. O que é mais culpável aos olhos de Deus: o parricídio ou o infanticídio?

“Todos os dois são igualmente condenáveis, pois todo crime é um crime.”

751. Como se explica que em alguns povos, já adiantados do ponto de vista intelectual, o infanticídio faça parte dos costumes e seja aceito pela legislação?

“O desenvolvimento intelectual não implica a necessidade do bem. Um Espírito superior em inteligência pode ser malvado; é aquele que já viveu muito, mas sem se melhorar: ele apenas sabe.”

Crueldade

752. Pode-se relacionar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?

“É o instinto de destruição no que tem de pior, pois se a destruição algumas vezes é uma necessidade, a crueldade jamais o é; ela é sempre o resultado de uma natureza má.”

753. De onde vem que a crueldade seja a característica predominante dos povos primitivos?

“Nos povos chamados primitivos, a matéria prevalece sobre o Espírito; eles se entregam aos instintos da brutalidade e, como não experimentam outras necessidades fora as da vida do corpo, eles pensam somente na sua conservação pessoal, e é isso o que geralmente os torna cruéis. Além do mais, os povos cujo desenvolvimento é imperfeito estão sob o império de Espíritos também imperfeitos que lhes são simpáticos, até que os povos mais adiantados venham destruir ou enfraquecer essa influência.”

343 – O Livro dos Espíritos

754. A crueldade não decorre da ausência de senso moral?

“Digam que o senso moral não está desenvolvimento, mas não digam que está ausente, pois ele existe em todos os homens; é esse senso moral que fará dos seres cruéis mais tarde seres bons e humanos. Portanto, ele existe no selvagem, embora exista como o princípio do perfume está no gérmen de uma flor antes que esta desabroche.”

Todas as faculdades existem no homem em estado rudimentar ou latente.

Elas se desenvolvem conforme as circunstâncias lhes sejam mais ou menos favoráveis. O desenvolvimento excessivo de umas detém ou neutraliza o desabrochar das outras. A superexcitação dos instintos materiais abafa — por assim dizer — o senso moral, como o desenrolar do senso moral enfraquece pouco a pouco as faculdades puramente animais.

755. Como pode ser que no meio da mais avançada civilização se encontrem seres às vezes tão cruéis quanto os selvagens?

“Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontre rebentos defeituosos. Eles são — como queiram — selvagens que só têm da civilização o exterior, lobos perdidos em meio de cordeiros. Os Espíritos de uma ordem inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados na esperança de também se adiantarem. Mas, se a prova for pesada demais, a natureza primitiva o dominará.”

756. A sociedade dos homens de bem algum dia será expurgada dos maus indivíduos?

“A humanidade progride, então esses homens dominados pelo instinto do mal e que se acham deslocados entre as pessoas de bem desaparecerão paulatinamente, como o grão imperfeito se separa do bom depois que este é selecionado, mas para renascer em outro corpo. E como eles terão mais experiência, então compreenderão melhor o bem e o mal. Você vê um exemplo disso nas plantas e nos animais que o homem tem conseguido aperfeiçoar, e nos quais desenvolve novas qualidades. Pois bem, só ao fim de várias gerações é que o aperfeiçoamento se torna completo. Essa é a imagem das diversas existências do homem.”

344 – Allan Kardec

Duelo

757. O duelo pode ser considerado como um caso de legítima defesa?

“Não; trata-se de um assassínio e um costume absurdo, digno dos bárbaros. Com uma civilização mais adiantada e mais moral o homem compreenderá que o duelo é tão ridículo quanto os combates que outrora eram considerados como o juízo de Deus.”

758. O duelo pode ser considerado como um assassinato da parte daquele que, conhecendo a sua própria fraqueza, está quase certo de que morrerá?

“É um suicídio.”

758-a. — E quando as chances forem iguais, será assassinato ou suicídio?

“Um e outro.”

Em todos os casos — inclusive naquele em que as probabilidades sejam idênticas — o duelista é culpado primeiramente porque atenta friamente e de propósito deliberado contra a vida de seu semelhante; em segundo lugar porque ele expõe inutilmente sua própria vida sem proveito para ninguém.

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