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787-b. — Sendo assim, os homens mais civilizados podem ter sido selvagens e antropófagos61?

“Você mesmo foi um, mais de uma vez, antes de ser o que agora é.”

61 Antropófago: canibal, aquele que se alimenta de carne humana; aqui colocado para dar ênfase ao estágio de selvageria e primitivismo. — N. T.

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788. Os povos são individualidades coletivas que, como os indivíduos, passam pela infância, pela idade madura e pela decrepitude. Essa verdade constatada pela História não pode nos fazer supor que os povos mais avançados deste século terão seu declínio e sua extinção, como os de antigamente?

“Os povos que apenas vivem a vida do corpo, aqueles cuja grandeza está fundada só na força e na extensão territorial, estes nascem, crescem e morrem, porque a força de um povo se exaure como a de um homem; aqueles cujas leis egoísticas contrastam com o progresso das luzes e com a caridade, estes morrem, porque a luz mata as trevas e a caridade mata o egoísmo. Mas para os povos, como para os indivíduos, há a vida da alma. Aqueles cujas leis se harmonizam com as leis eternas do Criador viverão e serão o farol dos outros povos.”

789. Algum dia o progresso reunirá todos os povos da Terra numa só nação?

“Numa nação única, não. Isso é impossível, pois da diversidade dos climas nascem costumes e carências diferentes que constituem as nacionalidades; é por isso que elas sempre precisarão de leis apropriadas a esses costumes e necessidades. Entretanto, a caridade desconhece limites e não faz distinção de cor entre os homens. Quando a lei de Deus em toda parte servir de base à lei humana, os povos praticarão entre si a caridade, como os indivíduos, um para com o outro. Então eles viverão felizes e em paz, porque nenhum procurará causar dano ao seu vizinho, nem viver às custas dele.”

A humanidade progride a partir dos indivíduos que se aperfeiçoam pouco a pouco e se esclarecem; então, quando estes prevalecem em número, tomam a frente e conduzem os demais. De tempos em tempos surgem entre eles os homens de gênio que dão um impulso, depois surgem homens com autoridade —

instrumentos de Deus — que em poucos anos fazem a humanidade avançar muitos séculos.

O progresso dos povos também ressalta a justiça da reencarnação. Os homens de bem empregam louváveis esforços para fazer uma nação avançar moral e intelectualmente; a nação transformada será mais feliz — seja neste mundo, seja no outro. Entretanto, durante sua marcha lenta através dos séculos, milhares de indivíduos morrem a cada dia. Então, qual é o destino de todos que sucumbem no

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percurso? Sua inferioridade relativa os priva da felicidade reservada aos que chegam por último? Ou melhor, sua felicidade é relativa? A justiça divina não poderia consagrar tal injustiça, logo, pela pluralidade das existências, o direito à felicidade é o mesmo para todos, porque ninguém é deserdado do progresso; aqueles que viveram no tempo da barbárie podem voltar no tempo da civilização, no mesmo povo ou em outro, resultando disso que todos tiram proveito da marcha ascendente.

Mas o sistema da unicidade das existências apresenta ainda outra dificuldade: de acordo com essa teoria, a alma seria criada no momento do nascimento; assim, se um homem é mais avançado que outro, é porque Deus criou para ele uma alma mais avançada. Por que esse favorecimento? Que mérito tem alguém que não viveu mais do que outro — às vezes viveu até menos — para ser dotado de uma alma superior? Mas esta não é a principal dificuldade: uma nação passa, em mil anos, da barbárie à civilização. Se os homens vivessem ali mil anos, poderíamos conceber que nesse intervalo eles tivessem tempo de progredir, mas todos os dias morre gente de todas as idades, e os homens se renovam sem parar, de tal modo que diariamente os vemos aparecer e desaparecer. Decorridos os mil anos, não há mais vestígios dos antigos habitantes; a nação, de barbárie em que se encontrava, se torna civilizada: quem progrediu? Foram os indivíduos, outrora bárbaros? Mas eles estão mortos há muito tempo. São os recém-chegados? Mas se a alma deles é criada no momento do nascimento, essas almas não existiam na época da barbárie, e então é preciso admitir que os esforços que se fazem para civilizar um povo têm

o poder não de melhorar almas imperfeitas, mas de fazer com que Deus crie

almas mais perfeitas.

Comparemos essa teoria do progresso com aquela que é dada pelos Espíritos: as almas vindas na época da civilização tiveram sua infância, como todas as outras, mas elas já tinham vivido, e vieram adiantadas por um progresso anterior; elas vêm atraídas a um meio que lhes é simpático e que está condicionado com o seu estado atual, de modo que os cuidados dados à civilização de um povo não têm por objetivo criar no futuro almas mais perfeitas, mas sim atrair aquelas que já progrediram — tenham elas já vivido nesse mesmo povo na época da barbárie ou tenham elas vindo de outro lugar. Aqui está também a solução do progresso de toda a humanidade. Quando todos os povos atingirem o mesmo nível no sentimento do bem, a Terra será o ponto de encontro apenas dos bons Espíritos, que viverão entre si numa união fraterna, enquanto os maus — sendo rejeitados e

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deslocados daqui — irão procurar nos mundos inferiores o ambiente que lhes convier, até que se tornem dignos de virem ao nosso mundo renovado. A teoria comum tem ainda essa consequência: que os trabalhos de aperfeiçoamento social não beneficiam senão as gerações presentes e futuras, e seu resultado é nulo para as gerações passadas, que cometeram o erro de vir muito cedo e que se tornam o que podem, sobrecarregadas como estão de seus atos de barbárie. De acordo com a doutrina dos Espíritos, os progressos posteriores servem igualmente para essas gerações passadas que voltam a viver em melhores condições e podem assim se aperfeiçoar no meio da civilização. (Veja a questão 222.)

Civilização

790. A civilização é um progresso ou, conforme alguns filósofos, uma decadência da humanidade?

“Um progresso incompleto. O homem não passa subitamente da infância à maturidade.”

790-a. — Seria racional condenar a civilização?

“Condenem antes os que abusam dela, e não a obra de Deus.”

791. Algum dia a civilização se purificará a tal ponto a fazer desaparecer os males que ela tenha produzido?

“Sim, quando a moral estiver tão desenvolvida quanto à inteligência. O

fruto não pode vir antes da flor.”

792. Por que a civilização não realiza imediatamente todo o bem que ela poderia produzir?

“Porque as pessoas ainda não estão aptas e dispostas a obter esse bem.”

792-a. — Não seria também porque, criando outras necessidades, ela suscita novas paixões?

“Sim, e porque nem todas as faculdades do Espírito progridem simultaneamente; é preciso tempo para tudo. Vocês não podem esperar frutos perfeitos de uma civilização incompleta.” (Ver questões 751 e 780.)

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793. Por quais indícios podemos reconhecer uma civilização completa?

“Vocês a reconhecerão pelo desenvolvimento moral. Vocês se consideram muito avançados, porque fizeram grandes descobertas e maravilhosas invenções, e porque estão mais bem alojados e mais bem vestidos do que os selvagens. Porém, não terão verdadeiramente o direito de se dizerem civilizados senão quando tiverem banido da vossa sociedade os vícios que a desonram, e quando viverem entre si como irmãos, praticando a caridade cristã; até lá, vocês não serão mais do que povos esclarecidos, não tendo percorrido a primeira fase da civilização.”

Como todas as coisas, a civilização tem seus graus. Uma civilização incompleta apresenta um estado de transição que gera males específicos, desconhecidos no estado primitivo. Mas nem por isso constitui menos um progresso natural, necessário, que traz consigo o remédio para o mal que causa. À

medida que a civilização se aperfeiçoa ela faz cessar alguns dos males que gerou, e esses males desaparecerão com o progresso moral.

De dois povos que chegaram ao ápice da escala social, somente pode se dizer o mais civilizado — na legítima definição do termo — aquele no qual exista menos egoísmo, cobiça e orgulho; no qual os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; no qual a inteligência possa se desenvolver com maior liberdade; no qual haja mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; no qual os preconceitos de casta e de nascimento estejam menos enraizados, pois esses preconceitos são incompatíveis com o verdadeiro amor ao próximo; no qual as leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas tanto para o último quanto para o primeiro; no qual a justiça seja exercida com menos parcialidade; no qual o fraco encontre sempre amparo contra o forte; no qual a vida do homem, suas crenças e opiniões sejam mais respeitadas; no qual exista o mínimo de desgraçados e enfim, no qual todo homem de boa vontade esteja seguro de lhe não faltar o necessário.

Progresso da legislação humana

794. A sociedade poderia ser regida unicamente pelas leis naturais, sem o auxílio das leis humanas?

“Poderia, se todos compreendessem bem as leis naturais, e se os homens

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