Ora essa! É lindo! — afirmou D. Felicidade.
Juliana pousava sobre a mesa o prato das fatias, os biscoitos de Oeiras, os bolos do Cocó.
—
Aqui tem o seu chá fraco, Conselheiro — dizia Luísa. — Sirva-se, Julião. As torradas ao Sr. Julião! Mais açúcar! Quem quer? Uma torrada, Conselheiro?
—
Estou amplamente servido, minha prezada senhora — replicou, curvando-se.
E declarou, voltado para Ernestinho, que achava o diálogo opulento.
Mas, perguntaram, o que quer o empresário mais agora? Já tem a sala...
Ernestinho, de pé, excitado, com um bolo de ovos na ponta dos dedos, explicou:
—
O que o empresário quer é que o marido lhe perdoe. .
Foi um espanto:
—
Ora essa! É extraordinário! Por quê?
—
Então! — exclamou Ernestinho encolhendo os ombros — diz que o público que não gosta! Que não são coisas cá para o nosso país...
—
A falar a verdade — disse o Conselheiro —, a falar a verdade, Sr.
Ledesma, o nosso público não é geralmente afeto a cenas de sangue.
—
Mas não há sangue, Sr. Conselheiro! — protestava Ernestinho erguendo-se sobre os bicos dos sapatos —, mas não há sangue! É com um tiro! E com um tiro pelas costas, Sr. Conselheiro!
Luísa fez a D. Felicidade — "psiu!" e, num aparte, com um sorriso.
—
Desses bolinhos de ovos. São muito frescos.
Ela respondeu, com uma voz lamentosa:
—
Ai, filha, não!
E indicou o estômago, compungidamente.
No entanto o Conselheiro aconselhava a Ernestinho a demência; tinha-lhe posto a mão no ombro paternalmente, e com uma voz persuasiva:
—
Dá mais alegria à peça, Sr. Ledesma. O espectador sai mais aliviado!
Deixe sair o espectador aliviado!
—
Mais um bolinho, Conselheiro?
—
Estou repleto, minha prezada senhora.
E, então, invocou a opinião de Jorge. Não lhe parecia que o bom Ernesto devia perdoar?
—
Eu, Conselheiro? De modo nenhum. Sou pela morte. Sou inteiramente pela morte. E exijo que a mates, Ernestinho!
D. Felicidade acudiu, toda bondosa: