E calaram-se os dois. O principezinho atravessou o deserto e encontrou apenas uma flor. Uma flor de três pétalas, uma florzinha a toa...
- Bom dia, disse o príncipe.
- Bom dia, disse a flor.
- Onde estão os homens? perguntou polidamente.
A flor, um dia, vira passar uma caravana:
- Os homens? Eu creio que existem seis ou sete.
Vi-os há muitos anos. Mas não se pode nunca saber onde se encontram.
O vento os leva. Eles não tem raízes. Eles não gostam das raízes.
- Adeus, disse o principezinho.
- Adeus, disse a flor.
O principezinho escalou uma grande montanha. As únicas montanhas que conhecera eram os três vulcões que lhe davam pelo joelho. O vulcão extinto servia-lhe de tamborete. "De montanha tão alta, pensava ele, verei todo o planeta e todos os homens. Mas só viu agulhas de pedra, pontudas.
- Bom dia, disse ele inteiramente ao léu.
- Bom dia ... Bom dia ... Bom dia ... respondeu o eco.
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
- Quem és tu ... quem és tu ... quem és tu... respondeu o eco.
- Sede meus amigos, eu estou só, disse ele.
- Estou só ... estou só ... estou só, respondeu o eco.
Este planeta é todo seco, pontudo e salgado.
"Que planeta engraçado pensou então. É todo seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz ... No meu planeta eu tinha uma flor: -e era sempre ela que falava primeiro."
Mas aconteceu que o principezinho, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada.
E as estradas vão todas na direção dos homens.
- Bom dia, disse ele
Era um jardim cheio de rosas. - Bom dia, disseram as rosas.
O principezinho contemplou-as. Eram todas iguais a sua flor.
- Quem sois? perguntou ele estupefato.
- Somos rosas, disseram as rosas.
- Ah! exclamou o principezinho. .
E ele sentiu-se extremamente infeliz. Sua flor lhe havia contado que ela era a única de sua espécie em todo o universo. E eis que havia cinco mil, igualzinhas, num só jardim!
"Ela haveria de ficar bem vermelha, pensou ele, se visse isto...
Começaria a tossir, fingiria morrer, para escapar ao ridículo. E eu então teria que fingir que cuidava dela; porque se não, só para me humilhar, ela era bem capaz de morrer de verdade. . . "
Depois, refletiu ainda: "Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo. Uma rosa e três vulcões que me dão pelo joelho, um dos quais extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito grande. . ." E, deitado na relva, ele chorou.
E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viunada.
Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa