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Add to favorite "O Pequeno Príncipe" - Antoine de Saint-Exupéry

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- Como soubeste disso?

Eu vinha justamente anunciar-lhe que, contra toda expectativa, havia realizado o conserto!

Nada respondeu à minha pergunta, mas acrescentou:

- Eu também volto hoje para casa...

Depois, com melancolia, ele disse:

- É bem mais longe ... bem mais difícil...

Eu percebia claramente que algo de extraordinário se passava.

Apertava-o nos braços como se fosse uma criancinha; mas tinha a impressão de que ele ia deslizando verticalmente no abismo, sem que eu nada pudesse fazer para detê-lo...

Seu olhar estava sério, perdido ao longe:

- Tenho o teu carneiro. E a caixa para o carneiro.

E a mordaça. . .

Agora, vai-te embora, disse ele ... eu quero descer!

Ele sorriu com tristeza.

Esperei muito tempo. Pareceu-me que ele ia se aquecendo de novo, pouco a pouco:

- Meu querido, tu tiveste medo...

É claro que tivera. Mas ele sorriu docemente.

- Terei mais medo ainda esta noite ...

O sentimento do irreparável gelou-me de novo. E eu compreendi que não podia suportar a idéia de nunca mais escutar esse riso. Ele era para mim como uma fonte no deserto.

- Meu bem, eu quero ainda escutar o teu riso ...

Mas ele me disse:

- Faz um ano esta noite. Minha estrela se achará justamente em cima do lugar onde cai o ano passado ...

Meu bem, não será um sonho mau essa história de serpente, de encontro marcado, de estrela?

Mas não respondeu à minha pergunta. E disse:

- O que é importante, a gente não vê ...

- A gente não vê ...

- Será como a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas.

- Todas as estrelas estão floridas.

- Será como a água. Aquela que me deste parecia música, por causa da roldana eda corda... Lembras-te como era boa?

- Lembro-me...

Tu olharás, de noite, as estrelas. Onde eu moro é muito pequeno, para que eu possa te mostrar onde se encontra a minha. É melhor assim. Minha estrela será então qualquer das estrelas. Gostarás de olhar todas elas ... Serão, todas tuas amigas. E depois, eu 'vou fazer-te um presente ...

Ele riu outra vez.

- Ah! meu pedacinho de gente, meu amor, como eu gosto de ouvir esse riso! - Pois é ele o meu presente ... será como a água...

- Que queres dizer?

- As pessoas têm estrelas que não são as mesmas.

Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém...

- Que queres dizer?

- Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem rir!

E ele riu mais uma vez.

- E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido.

Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo.

E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto ... E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Tu explicarás então:

"Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!" E eles te julgarão maluco.

Será uma peça que te prego ...

E riu de novo.

- Será como se eu te houvesse dado, em vez de estrelas, montões de guizos que riem ...

E riu de novo, mais uma vez. Depois, ficou sério:

- Esta noite ... tu sabes ... não venhas.

- Eu não te deixarei.

- Eu parecerei sofrer ... eu parecerei morrer. É assim. Não venhas ver. Não vale apena...

- Eu não te deixarei.

Are sens