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Add to favorite "O Pequeno Príncipe" - Antoine de Saint-Exupéry

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Por que haveria eu de estar triste? ...

- É preciso, disse baixinho o príncipe, que cumpras a tua promessa. Ele estava, de novo, sentado junto de mim.

- Que promessa?

- Tu sabes ... a mordaça do meu carneiro ... eu sou responsável pela flor!

Tirei do bolso as minhas tentativas de desenho. o principezinho os viu e disse rindo:

- Teus baobás parecem um pouco repolhos...

- Oh!

Eu estava tão orgulhoso dos meus baobás!

- Tua raposa, as orelhas dela parecem chifres, são compridas demais.

Ele riu outra vez.

- Tu és injusto, meu bem, eu só sabia desenhar jibóias abertas e fechadas ...

Não faz mal, disse ele, as crianças entendem.

Rabisquei, portanto, uma pequena mordaça. Mas sentia, ao entregá-la, um aperto no coração:

Tu tens projetos que eu ignoro...

Ele não me respondeu. Mas disse:

- Lembras-te da minha queda na Terra? Amanhã será o aniversário...

Depois, após um silêncio, acrescentou:

- Caí pertinho daqui ...

E ficou vermelho ao dizê-lo.

E de novo, sem compreender porque, eu sentia um estranho pesar. No entanto, ocorreu-me a pergunta:

- Então não foi por acaso que vagavas sozinho, quando te encontrei, há oito dias, a milhas e milhas de qualquer região habitada!

Não estarias voltando ao ponto da queda?

O principezinho ficou vermelho de novo.

E eu acrescentei, hesitando:

- Terá sido por causa do aniversário? ...

O principezinho ficou mais vermelho. Não respondia nunca às perguntas. Mas quando a gente fica vermelho, não é o mesmo que dizer "sim"?

- Ah! disse-lhe eu, eu tenho medo ...

Mas ele respondeu:

- Tu deves agora trabalhar. Ir em busca do teu aparelho. Espero-te aqui. Volta amanhã de tarde. . .


Mas eu não estava tranquilo. Lembrava-me da raposa.

A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar...

XXVI

Havia, ao lado do poço, a ruína de um velho muro de pedra.

Quando voltei do trabalho, no dia seguinte, vi, de longe, o principezinho sentado no alto, com as pernas balançando. E eu o escutei dizer:

Tu não te lembras então? Não foi bem aqui o lugar Uma outra voz devia responder-lhe, porque replicou em seguida:

- Não; não estou enganado. O dia é este, mas não o lugar...

Prossegui o caminho para o muro. Continuava a não ver ninguém. No entanto o principezinho replicou novamente: Está bem. Tu verás onde começa, na areia, o sinal dos meus passos. Basta esperar-me. Estarei ali esta noite.

Eu me achava a vinte metros do muro e continuava a não ver nada. O principezinho disse ainda, após um silêncio:

- O teu veneno é do bom? Estás certa de que não vou sofrer muito tempo?

Parei, o coração apertado, sem compreender ainda.

- Agora, vai-te embora, disse ele ... eu quero descer!

Então baixei os olhos para o pé do muro, e dei um salto! Lá estava, erguida para o principezinho, uma dessas serpentes amarelas que nos liquidam num minuto. Enquanto procurava o revólver no bolso, dei uma rápida corrida.

Mas, percebendo o barulho, a serpente se foi encolhendo lentamente, como um repuxo que morre. E, sem se apressar demais, enfiou-se entre as pedras, num leve tinir de metal.

Cheguei ao muro a tempo de receber nos braços o meu caro principezinho, pálido como a neve.

- Que história é essa? Tu conversas agora com as serpentes?

Desatei o nó do seu eterno lenço dourado. Umedeci- lhe as têmporas. Dei-lhe água. E agora, não ousava perguntar-lhe coisa alguma. Olhou-me gravemente e passou-me os bracinhos no pescoço.

Sentia-lhe o coração bater de encontro ao meu, como o de um pássaro que morre, atingido pela carabina. Ele me disse:

- Estou contente de teres descoberto o defeito do maquinismo.

Vais poder voltar para casa...

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