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Aliás, não dissemos que todos os seres sejam da mesma forma que vocês e com os órgãos iguais aos vossos.”

As condições de existência dos seres que habitam os diferentes mundos devem ser apropriadas ao meio nos quais eles vivem. Se jamais tivéssemos visto peixes, nós não compreenderíamos que seres vivos pudessem viver dentro d’água.

Assim é nos outros mundos que, sem dúvida, contêm elementos que desconhecemos. Não vemos na Terra as longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? O que há de impossível que em alguns mundos a eletricidade seja mais abundante do que na Terra e lá desempenhem uma função geral cujos efeitos não podemos compreender? Portanto, esses mundos podem trazer em si mesmos as fontes de calor e de luz necessárias a seus habitantes.

Considerações e concordâncias bíblicas referentes à criação 59. Os povos têm formado ideias muito divergentes acerca da criação, de

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acordo com o grau dos seus conhecimentos. Apoiada na ciência, a razão reconheceu a inverossimilhança de certas teorias. Aquela que é oferecida pelos Espíritos confirma a opinião aceita desde há muito pelos homens mais esclarecidos.

A objeção que se pode fazer a esta teoria é a de que ela esteja em contradição com o texto dos livros sagrados, mas um exame sério mostrará que essa contradição é mais aparente do que real, e que ela decorre da interpretação dada em um sentido muitas vezes alegórico.

A questão do primeiro homem na pessoa de Adão, como único tronco da humanidade, não é a única sobre a qual as crenças religiosas tiveram que se modificar. Em determinada época, o movimento da Terra pareceu tão em oposição ao texto sagrado que não houve tipo de perseguições a que essa teoria não tivesse servido de pretexto, e, no entanto, a Terra gira, malgrado os anátemas13, e ninguém hoje poderia contestá-lo sem ferir a sua própria razão.

A Bíblia diz igualmente que o mundo foi criado em seis dias e estabelece a época da sua criação há mais ou menos 4 mil anos antes da Era Cristã.

Anteriormente a esta data, a Terra não existia; ela foi tirada do nada: o texto é formal; e eis que a ciência positiva — a ciência inexorável — vem provar o contrário. A formação do globo está escrita em caracteres irrecusáveis no mundo fóssil, e está provado que os seis dias da criação representam outros tantos períodos, cada um talvez de muitas centenas de milhares de anos. Isto não é um sistema, uma doutrina, uma opinião isolada: é um fato tão certo como aquele do movimento da Terra e que a teologia não pode se recusar a admitir — prova evidente do erro no qual se pode cair quando se toma ao pé da letra expressões de uma linguagem frequentemente figurada. Devemos concluir daí que a Bíblia é um erro? Não, mas que os homens se equivocaram ao interpretá-la.

Vasculhando os arquivos da Terra, a ciência reconheceu a ordem na qual os diferentes seres viventes apareceram na sua superfície, e essa ordem está de acordo com o que está indicado na Gênesis, com a diferença que essa obra, 13 Anátema: sentença de reprovação e maldição lançada pela igreja contra os hereges (aqueles que atentam contra os princípios da religião); excomunhão; por extensão, qualquer condenação contra uma ideia. — N. T.

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em vez de sair milagrosamente das mãos de Deus em algumas horas, se realizou, sempre por sua vontade, mas segundo a lei das forças da natureza, em alguns milhões de anos. Por conta disso, Deus fica menor e menos poderoso? Sua obra fica menos sublime por não ter o prestígio da instantaneidade? Evidentemente que não! Seria preciso fazer uma ideia bem mesquinha da Divindade para não reconhecer sua onipotência nas leis eternas que estabeleceu para reger os mundos. A ciência, longe de menosprezar a obra divina, mostra-nos essa obra sob um aspecto mais grandioso e mais concorde com as noções que temos do poder e da majestade de Deus, pela razão mesma de ela se realizar sem derrogar as leis da Natureza.

De acordo com Moisés nesse ponto, a ciência coloca o homem em último lugar na ordem da criação dos seres viventes. Mas Moisés coloca o dilúvio universal no ano 1.654 do mundo, ao passo que a geologia nos mostra o grande cataclismo como sendo anterior ao aparecimento do homem, tendo em vista que, até hoje, não se encontrou nas camadas primitivas nenhum traço de sua presença, nem da presença dos animais da mesma categoria, do ponto de vista físico. Contudo, nada prova que isso seja impossível; muitas descobertas já lançaram dúvidas a esse respeito. Pode ocorrer então que de um momento para outro se adquira a certeza material dessa anterioridade da raça humana e logo se reconhecerá que, sobre esse ponto, assim como sobre outros, o texto bíblico seja uma simbologia. A questão é saber se o cataclismo geológico é o mesmo que aquele de Noé; ora, a duração necessária à formação das camadas fósseis não permite confundi-los e, desde que se encontrem vestígios da existência do homem antes da grande catástrofe, ficaria provado que ou Adão não foi o primeiro homem ou que a sua criação se perde na noite dos tempos. Contra a evidência não há raciocínios possíveis e é preciso aceitar esse fato, como foi aceito aquele do movimento da Terra e os seis períodos da criação.

É verdade que a existência do homem antes do dilúvio geológico ainda é uma hipótese, mas eis aqui algo que é menos hipotético. Admitindo que o homem tenha aparecido pela primeira vez na Terra 4 mil anos antes do Cristo, se 1.650 anos mais tarde toda a raça humana tivesse sido destruída com

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exceção de uma única família, implica que o povoamento da Terra data justamente de Noé, ou seja: de 2.350 anos antes da nossa era. Ora, quando os hebreus emigraram para o Egito no décimo oitavo século, eles encontraram esse país muito povoado e já bastante adiantado em civilização. A História prova que a essa época as Índias e outros países igualmente estavam florescentes, sem mesmo se ter em conta a cronologia de certos povos que remontam a uma época muito mais longínqua. Nesse caso, seria preciso que do vigésimo quarto ao décimo oitavo século, quer dizer, num espaço de 600

anos, não somente a descendência de um único homem tivesse podido povoar todos os imensos países então conhecidos, suposto que os outros não o fossem, mas também que nesse curto espaço de tempo a espécie humana houvesse podido elevar-se da ignorância absoluta do estado primitivo ao mais alto grau de desenvolvimento intelectual — o que é contrário a todas as leis antropológicas.

A diversidade das raças também vem dar apoio a essa opinião. O clima e os hábitos sem dúvidas produzem modificações no caráter físico, contudo, sabemos até onde pode ir a influência dessas causas e o exame fisiológico comprova que há entre certas raças diferenças constitucionais mais profundas do que as que o clima é capaz de produzir. O cruzamento das raças dá origem aos tipos intermediários; ele tende a apagar as características extremas, mas não os produz; apenas cria variedades. Ora, para que tenha havido cruzamento de raças, seria preciso que houvesse raças distintas, e como explicar a existência delas atribuindo-lhes uma linhagem comum e, sobretudo, tão pouco afastada? Como admitir que em poucos séculos alguns descendentes de Noé tenham se transformado ao ponto de produzirem a raça etíope, por exemplo? Uma metamorfose como essa não é mais admissível do que a hipótese de uma linhagem comum entre o lobo e o cordeiro, entre o elefante e o pulgão, o pássaro e o peixe. Ainda uma vez: nada pode prevalecer contra a evidência dos fatos. Ao contrário, tudo se explica em se admitindo a existência do homem anteriormente à época em que lhe é vulgarmente assinalada; admitindo a diversidade das linhagens; Adão vivendo há 6 mil anos, como tendo povoado uma região ainda desabitada; admitindo o dilúvio de Noé como uma catástrofe parcial, confundida com o cataclismo geológico; e

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atentando-se, finalmente, na forma alegórica própria do estilo oriental e que se encontramos nos livros sagrados de todos os povos. É por isso que é prudente não contestar muito ligeiramente as doutrinas que cedo ou tarde podem, como tantas outras, desmentir aqueles que as combatem. As ideias religiosas, longe de perderem alguma coisa, se engrandecem em caminhar ao lado da ciência; esse é o único meio de não mostrar ao ceticismo um lado vulnerável.

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CAPÍTULO IV

PRINCÍPIO VITAL

Seres orgânicos e inorgânicos – A vida e a morte

– Inteligência e instinto

Seres orgânicos e inorgânicos

Os seres orgânicos são os que têm em si uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida; eles nascem, crescem, reproduzem-se e morrem; são providos de órgãos especiais para a execução dos diferentes atos da vida, e que são apropriados às necessidades da sua própria conservação. Essa classe abrange os homens, os animais e as plantas. Os seres inorgânicos são todos aqueles que não têm nem vitalidade nem movimentos próprios, e que só são formados pela agregação da matéria, tais como os minerais, a água, o ar etc.

60. É a mesma força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e nos corpos inorgânicos?

“Sim, a lei de atração é a mesma para todos.”

61. Há alguma diferença entre a matéria dos corpos orgânicos e a dos corpos inorgânicos?

“É sempre a mesma matéria, todavia nos corpos orgânicos ela é animalizada.”

62. Qual é a causa da animalização da matéria?

“Sua união com o princípio vital.”

63. O princípio vital reside em algum agente particular ou não é mais do que uma propriedade da matéria organizada? Numa palavra, é efeito, ou causa?

“Uma e outra coisa. A vida é um efeito produzido pela ação de um agente

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sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é a vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente. Ele dá a vida a todos os seres que o absorvem e o assimilam.”

64. Vimos que o espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do Universo. O princípio vital formaria um terceiro?

“Sem dúvida é um dos elementos necessários para a constituição do Universo, mas que também tem sua origem na matéria universal modificada; para vocês, é um elemento, como o oxigênio e o hidrogênio que, entretanto, não são elementos primitivos, pois tudo isso parte de um mesmo princípio.”

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