“Já o dissemos; a inteligência universal.”
72-a. — Poderíamos dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?
“Isto não é mais do que uma comparação, conquanto não seja exata, porque a inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. Além do mais, como vocês sabem, há coisas que não é permitido ao homem penetrar e esta é uma delas, por enquanto.”
73. O instinto é independente da inteligência?
“Absolutamente não, pois o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência não raciocinada; é por ele que todos os seres proveem suas necessidades.” 14
14 Posteriormente, no livro A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo (cap.
III, desde o item 11), Allan Kardec irá considerar outras teorias sobre a natureza do instinto, sem fechar a questão; uma dessas hipóteses — a qual ele considerou concordante com o Espiritismo no tocante às relações do mundo espiritual com o mundo corpóreo — traz a ideia de que o instinto não seria um atributo da alma individualizada; ou seja, não pertenceria propriamente ao ser vivo, mas seria um efeito de uma ação externa, outra inteligência (Espíritos protetores) a zelar pelo indivíduo ora incapacitado de se governar. A partir disso, evidencia-se
87 – O Livro dos Espíritos
74. Podemos determinar um limite entre o instinto e a inteligência, isto é, especificar onde acaba um e começa a outra?
“Não, pois muitas vezes eles se confundem. Mas, pode-se muito bem distinguir os atos que pertencem ao instinto e aqueles que pertencem à inteligência.”
75. É exato se dizer que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as faculdades intelectuais?
“Não, o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem; ele quase sempre nos guia e algumas vezes mais seguramente do que a razão. Ele jamais se transvia.”
75-a. — Por que a razão nem sempre é um guia infalível?
“Ela seria infalível se não fosse falseada pela má-educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio.”
O instinto é uma inteligência rudimentar que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado.
O instinto varia em suas manifestações segundo as espécies e as suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, quer dizer, à vontade e à liberdade.
que essa inteligência seja antes de tudo a providência divina cuidando de suas criaturas através do trabalho dos seus ministros, os Espíritos protetores, anjos guardiões e até os familiares e amigos encarnados, pelo que ele vai dizer, por exemplo: “Por intermédio da mãe, o próprio Deus vela pelas suas criaturas que nascem.” — N. T.
88 – Allan Kardec
LIVRO SEGUNDO
MUNDO ESPÍRITA
OU DOS ESPÍRITOS
I - OS ESPÍRITOS
II - ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS
III - RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL
IV - PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
V - CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
VI - VIDA ESPÍRITA
VII - RETORNO À VIDA CORPORAL
VIII - EMANCIPAÇÃO DA ALMA
IX - INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL
X - OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS
XI - OS TRÊS REINOS
89 – O Livro dos Espíritos
CAPÍTULO PRIMEIRO
OS ESPÍRITOS
Origem e natureza dos Espíritos – Mundo normal primitivo
– Forma e ubiquidade dos Espíritos – Perispírito –
Diferentes ordens dos Espíritos – Escala espírita
– Progressão dos Espíritos – Anjos e demônios
Origem e natureza dos Espíritos